Título: Leilão de áreas de petróleo bate recorde
Autor: Sabrina Lorenzi
Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2005, Economia & Negócios, p. A20

Mesmo antes de concluída, a Sétima Rodada de Licitações de Áreas de Exploração da Agência Nacional do Petróleo (ANP) já bateu recorde em arrecadação de recursos. Em dois dias de leilão, as empresas participantes desembolsaram R$ 1,085 bilhão para explorar e produzir óleo em 217 blocos arrematados. Os investimentos totais nas áreas, segundo o diretor-geral da agência, Haroldo Lima, culminarão em investimentos de US$ 1,5 bilhão. Além da Petrobras, que gastou R$ 260 milhões para retomar áreas devolvidas à União por força da Lei do Petróleo, as grandes petroleiras Repsol, Shell e BG entraram com tudo na exploração de petróleo e gás da Bacia de Santos. A região é promissora tanto pela reserva gigante de gás do campo de Mexilhão como pelas recentes descobertas de óleo leve a 6 mil metros de profundidade, a mais nova fronteira do petróleo.

Do total arrecadado até ontem, a Petrobras respondeu pela metade. O gerente-executivo de Exploração e Produção da estatal, Francisco Nepomuceno, informou que a empresa gastou R$ 503 milhões na concessão de 96 áreas. Destas, 54 serão exploradas sem parceria. A Petrobras, no entanto, perdeu 13 áreas na disputa com outras companhias. Apesar disso, segundo ele, a empresa ''conseguiu o que queria e perdeu apenas áreas periféricas''.

No maior lance da Sétima Rodada até agora, a Petrobras, em parceria com a britânica BG, pagou R$ 160 milhões pelo bloco S-M-508, na Bacia de Santos. Pesaram na cifra milionária a proximidade com o campo de Mexilhão - reserva gigante de gás - e o potencial de jazidas de óleo leve em águas ultraprofundas.

- É uma sinalização clara da possibilidade de uma nova província de petróleo e gás. Não tenho dúvida do potencial - afirma John Forman, diretor da ANP.

Nepomucemo confirma os motivos que levaram a Petrobras a pagar tão caro pelo bloco. A empresa ainda não sabe qual o volume da provável jazida de águas ultraprofundas. Para mensurar o tamanho da reserva, está realizando testes e vai perfurar mais um poço no BM-S-10, bloco onde fez a descoberta de óleo leve a 6 mil metros. Também serão feitos em outros poços no bloco ao lado, o BM-S-11. Conforme o JB e a Gazeta Mercantil anteciparam, a estatal tem expectativa de descobrir no local uma das maiores reservas de óleo leve do país.

Para retomar a área ao redor de Mexilhão, a Petrobras gastou R$ 260,5 milhões na compra de quatro blocos, incluindo a área de exploração ultraprofunda. Toda a região pertencia à estatal até 2003, quando teve que devolver metade de cada área que detinha, de acordo com as regras da ANP. Na ocasião, o prazo de declaração de comercialidade dos blocos da Rodada Zero expirou, bem como os prazos de exploração da Primeira Rodada.

Em consórcio que inclui a BG, a Petrobras levou o bloco S-M-623, que valeu R$ 26,1 milhões. A BG já negociava com a Petrobras parceria para o desenvolvimento das jazidas de gás em Santos. Agora firmaram parceria também para explorar óleo em águas ultraprofundas. A estatal fez ainda, sozinha, uma gorda proposta pelo bloco S-M-405, área abaixo do campo de Mexilhão. Levou por R$ 36,2 milhões, sem concorrência.

Também sozinha, a Shell entrou para explorar o B-S-518, com lance de R$ 3,2 milhões e conteúdo nacional de 38% e 60% nas fases de exploração e produção. Na sua oferta sem parceiros no setor de águas profundas de Santos, a Repsol levou a concessão do S-M-506, com lance de R$ 6,6 milhões e conteúdo nacional de 40% e 60%, respectivamente, nas fases de exploração e produção.

Na Sétima Rodada, 1.134 blocos exploratórios estão sendo licitados em 14 bacias sedimentares. O leilão continua hoje e poderá terminar somente amanhã, dependendo das ofertas pelas áreas inativas, uma nova modalidade de venda de petróleo.