Correio Braziliense, n. 21779, 02/11/2022. Política, p. 2

Mourão crê que presidente passará faixa



O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos), e agora senador eleito pelo Rio Grande do Sul, avaliou que o presidente Jair Bolsonaro reconheceu “implicitamente” a derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições, ao agradecer pelos votos recebidos no segundo turno. Em pronunciamento no Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo disse que cumprirá a Constituição, mas não mencionou a vitória de Lula.

Mourão classificou o pronunciamento de Bolsonaro “muito bom, excelente” e confirmou que não foi convidado para estar ao lado do presidente, que deu as declarações acompanhado por ministros do governo.

“Implicitamente, quando ele agradece os votos, reconhece a vitória de Lula”, destacou o vice-presidente a jornalistas, na saída do Palácio do Planalto. “Aí é uma questão de foro íntimo de cada um”, respondeu, sobre o fato de o presidente não ter parabenizado o adversário por vencer as eleições.

Ele também disse ter “quase certeza” de que Bolsonaro vai passar a faixa presidencial para Lula, um ato tradicional e simbólico na posse. “Isso é uma situação hipotética. Vamos aguardar o momento. Ele pode determinar que eu faça, ele pode dar outra determinação. Vamos aguardar. Mas eu tenho quase certeza de que o presidente vai passar a faixa”, frisou. “O que ele falou hoje (ontem)? Que cumprirá as tarefas dele como presidente e o que está previsto na Constituição. Não está previsto que ele entregue a faixa para o outro?”, acrescentou.

 

Alckmin

O general confirmou ter feito uma “comunicação institucional” ao vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) sobre o processo de transição de governo e uma eventual visita do futuro ocupante de seu cargo ao Palácio do Jaburu, residência oficial da Vice-Presidência.

“Não marquei nada. Fiz uma comunicação institucional do atual vice-presidente para o futuro dizendo que estamos em condições de apresentar estrutura e os trabalhos em andamento, assim como a minha esposa está em condições de mostrar o Palácio do Jaburu para a esposa dele. Algo institucional”, contou.

Sobre os bloqueios promovidos por apoiadores do presidente em diversas rodovias do país por não concordarem com o resultado da eleição, Mourão ressaltou que todo protesto que “cerceie o ir e vir” de pessoas e bens “não é válido”.

“Ele, Bolsonaro, disse que os protestos não podem interferir na vida das pessoas, que é a forma como eu penso. E serem feitos dentro da ordem, ou seja, não impedir o direito de ir e vir das pessoas”, comentou. “Você pode fazer protesto, ali, o caminhão na beira da estrada, mas não bloqueia a estrada.”