Título: Polícia Civil indicia José Edmar
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, Brasília, p. D1
Diretor geral acusa distrital de invasão de terra, formação de quadrilha, favorecimento pessoal e ameaça de morte
O deputado distrital José Edmar (Prona) está sendo indiciado em dois inquéritos pela Polícia Civil por quatro crimes: invasão de terra, formação de quadrilha, favorecimento pessoal e ameaça de morte. A informação foi divulgada ontem, no início da noite, pelo diretor geral da Polícia Civil de Brasília, Laerte Bessa. O chefe da Polícia Civil disse ainda que até o final do inquérito, o que deve acontecer dentro de 15 dias, anunciará se vai pedir ou não a prisão preventiva do deputado.
- Falta encontrarmos a arma que seria utilizada no crime contratado por José Edmar, um revólver calibre 38, o mesmo utilizado por Elizeu para cometer um homicídio há dois anos no Varjão. Além disso ele [José Edmar]está se esquivando do interrogaapós afirmar que as denúncias do deputado de que a Polícia Civil teria colocado escuta em seu gabinete visariam somente desviar a atenção dele.
O diretor da Polícia Civil disse que não trabalha com a hipótese de existir uma armação contra o deputado José Edmar, que se diz vítima do secretário e também deputado Vigberto Tartuce. Com relação ao documento que consta do inquérito, e que o deputado diz ser proveniente da escuta, o chefe da Polícia Civil disse que é um documento público, normal.
A prisão de Elizeu Fonseca da Silva, 20 anos, na semana passada, na Paraíba, complicou a situação do deputado, pois em seu depoimento Elizeu afirmou que havia sido contratado por José Edmar para matar o deputado Vigberto Tartuce (Vigão) e que teria, inclusive, recebido R$ 300 de Carlos Alberto Panta, por ordem do deputado, para ajudar a pagar o aluguel enquanto se escondia da polícia.
Elizeu contou, em seu depoimento, que teria ido passar uns tempos na Paraíba por que, além de estar respondendo por homicídio, temia, e ainda teme, ser morto a mando do deputado José Edmar, por considerar que sabe demais. Ele disse que o deputado sabia que ele se encontrava foragido da polícia e que tinha cometido um homicídio.
O diretor geral da Polícia Civil resolveu divulgar as informações que estavam sendo mantidas sob sigilo, em função das denúncias do deputado, de que a Polícia Civil teria colocado escuta em seu gabinete.
A polícia chegou a Elizeu a partir de uma denúncia anônima feita com a entrega de um CD que continha uma conversa entre Panta e um tal de Bonfim, essa conversa, de acordo com o chefe da Polícia Civil, teria sido gravada pelo Bonfim e nela Panta comentava que José Edmar queria matar Tartuce.
A polícia já pediu a prisão preventiva de Carlos Alberto Panta e José Ferreira da Silva, o Zezão, pai de Elizeu, que o teria apresentado a Panta e era cúmplice dos três. Elizeu, quando ainda menor, foi detido pela prática de 15 roubos , permanecendo no Caje por 3 anos e nove meses e, enquanto maior, foi preso por suspeita de homicídio e porte ilegal de arma, permanecendo preso por três meses e 15 dias. Ele encontra-se no presídio, onde deverá aguardar julgamento.
Os crimes pelos quais o deputado está sendo indiciado estão sujeitos a penas de um a seis meses para o favorecimento pessoal - por ter escondido um fugitivo da polícia -, seis meses a um ano para a ameaça de morte, e dois a seis anos para formação de quadrilha e invasão de terra