Correio Braziliense, n. 21782, 05/11/2022. Política, p. 6

MPF cobra de diretores mais explicações



O grupo de apoio de procuradores do Ministério Público Federal (MPF), formado para acompanhar os casos dos bloqueios de rodovias no Distrito Federal, recebeu, ontem, uma equipe de dirigentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que foi tentar desfazer as desconfianças de que a corporação se omitiu no bloqueio das estradas. Os agentes são suspeitos de, até mesmo, se juntarem aos bolsonaristas que realizaram manifestações golpistas numa tentativa infrutífera de mudar o resultado da eleição presidencial — vencida pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.  

A procuradoria disse que receberá e analisará os documentos da PRF que registraram as medidas adotadas pela corporação contra as obstruções de rodovias nos últimos dias. “A reunião foi produtiva e conseguiu elucidar dúvidas dos integrantes do Grupo de Apoio Institucional do MPF no DF”, informou o órgão por meio de nota.  

O grupo do MPF lembrou, ainda, da instauração do inquérito policial para apurar supostos crimes contra o funcionamento das instituições democráticas e prevaricação. Na última quarta-feira, o órgão encaminhou à Polícia Federal (PF) pedido de investigação da postura adotada pelo diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, em 30 de outubro, quando se realizou o segundo turno da eleição. O objetivo é verificar as condutas adotadas pelo chefe da corporação.  

Denúncias  

No domingo passado, moradores de vários municípios do Nordeste usaram as redes sociais para denunciar operações da PRF nas estradas da região. Segundo os relatos que faziam, os agentes colocavam barricadas em vários pontos das estradas com o suposto intuito de atrasar o fluxo de eleitores e causar algum impacto no pleito — a região era majoritariamente eleitora de Lula.  

Silvinei foi convocado pelo ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a prestar esclarecimentos, e teria garantido que as operações de fiscalização não atrasaram a chegada ao local de votação. O magistrado, porém, mandou suspender os bloqueios e confirmou que, apesar dos atrasos, ninguém deixou de cumprir com o dever cívico.  

Segundo o MPF, o inquérito encaminhado à PF deve investigar se os bloqueios realizados pela PRF no Nordeste respeitaram a legislação. “Conforme amplamente divulgado na imprensa, as blitze praticadas pela polícia não atenderam à ordem do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e teriam sido executadas sob orientação de ofício expedido pelo diretor-geral da PRF. Podem ficar caracterizados os crimes de prevaricação e de violência política, previstos nos artigos 319 e 359-P, ambos do Código Penal”, salientou o MPF. (LP)