Título: Ex-secretária admite decisão ideológica
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Fonte: Jornal do Brasil, 19/10/2005, Brasília, p. D3

A ex-secretária de Educação Maristela Neves confirmou ontem, em depoimento na CPI da Educação na Câmara Legislativa, que a suspensão do convênio entre a Secretaria de Educação e a Universidade de Brasília para a execução do programa de capacitação de professores deu-se por motivações político-ideológicas ou até mesmo pessoais. - Isso é muito grave - acusou o relator da CPI, o deputado Paulo Tadeu (PT). Segundo o deputado o convênio de R$ 1,5 milhão com a UnB foi substituído por um contrato de quase R$ 30 milhões com o Uniceub. O relator alertou para o fato de que disputas de caráter político-ideológico ou por vaidades pessoais não podem interferir em contratos públicos, pois o que está em jogo é o aumento de custo, neste caso em mais de 30 vezes, para os cofres públicos.

Foram quase sete horas de depoimento e a ex-secretária usou a mesma tática assumida no anterior, indo mais a fundo nas respostas de caráter técnico e esquivando-se na questão de gravações que teoricamente a comprometeriam.

- Ela não negou as conversas gravadas, mas disse que houve edição das fitas, que tiraram o contexto das conversas - contou Paulo Tadeu que garantiu que a íntegra das gravações encontra-se sob poder da Polícia Federal para perícia, e que alguns trechos já foram periciados pelas Polícia Civil e Federal.

Paulo Tadeu disse que houve um avanço no depoimento de Maristela Neves, que agora reconhece que há e houve irregularidades na Secretaria de Educação, mas acusa os denunciantes Aquiles Santana, ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação, na gestão da deputada Eurides Brito, e Manoel Carneiro, ex-sub-secretário de Suporte Educacional, em sua gestão.

O deputado disse que se for preciso fará uma acareação entre a ex-secretária e Manoel Carneiro para que sejam dirimidas todas as dúvidas.

O próximo passo da CPI é ouvir a ex-secretária Eurides Brito, o que deve acontecer na próxima terça-feira, data ainda não confirmada em função de a deputada ter a prerrogativa de escolher o dia. De acordo com o relator, com este, fecha-se o ciclo de depoimentos.

Fundeb - A Comissão de Educação e Saúde (CES) debateu ontem no auditório da Câmara Legislativa o Fundeb e a Educação Infantil no DF. De acordo com a proposta que tramita no Congresso Nacional, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) terá duração de 14 anos (2006-2019).

A deputada Arlete Sampaio (PT), presidente da Comissão de Educação e Saúde, considera que, com a implan-tação do fundo, passa a haver maior compromisso do governo federal com a educação. Enquanto o atual Fundef tem previsto, como recursos para 2005, o volume de R$ 395,3 milhões, pelas propostas do Fundeb este valor salta para R$ 1,9 bilhão, atingindo