Título: Os riscos que corre o lobo-guará
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 21/10/2005, Brasília, p. D3

Especialistas discutirão as possibilidades de sobrevivência de espécie ameaçada do cerrado

As piores ameaças para a sobrevivência do lobo-guará na América do Sul vão ser discutidas a partir da próxima semana, por especialistas do Brasil, Argentina, Uruguai, Estados Unidos e Tailândia. O lobo-guará está em todas as listas de animais ameaçados de extinção. Em uma semana os pesquisadores pretendem elaborar dois documentos. Um vai apontar em quanto tempo o lobo-guará pode deixar de existir na América do Sul. O outro vai traçar um plano de ação para preservar estes animais.

Os dois relatórios serão entregues aos governantes de cada país representado e terão como base as informações como as taxas de natalidade e mortalidade, devastação do habitat, entre outras.

Inédito - O biólogo do Centro Nacional de Pesquisas para a Conservação de Predadores Naturais (Cenap/Ibama), Rogério de Paula destaca que o estudo é inédito e extremamente importante para a preservação do lobo-guará.

- É uma oportunidade para obtermos informações sobre os vários aspectos da vida do lobo-guará. Virão especialistas em doenças, outros em genética, comportamento. É a primeira vez que todas essas questões são colocadas sobre a mesa para se discutir os piores riscos e ameaças paras as populações de lobos-guarás da América do Sul - explica.

O encontro será de 24 a 28 da próxima semana, no Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, considerado uma das áreas com maior abundância desta espécie, que no Brasil já está na lista de animais em extinção desde 2003.

Segundo Rogério de Paula, não existem estimativas consolidadas de quantos animais existem no País. Um estudo feito na Serra da Canastra na década de 70, antes da implantação do Parque Nacional, revelou que no local viviam 11 casais de lobo-guarás.

Ele acredita que de lá para cá, a população no parque aumentou muito. Mas certeza mesmo, só com a conclusão do projeto Conservação do Lobo-guará no Cerrado de Minas Gerais, iniciado há quase dois anos em parceria com Cenap e o Instituto Pró-Carnívoros.

- Nesse período capturamos 18 animais e atualmente monitoramos 14. O restante, ou perdemos o sinal ou eles morreram. Os animais recebem radio-transmissores, que nos possibilita saber onde estão, a distância que percorrem num dia e até se estão dormindo ou acordados - explica.

O I Workshop Internacional do Lobo Guará - análise de viabilidade populacional e de habitat é promovido Cenap/Ibama em parceria com o Instituto Pro-Carnívoros e apoio do grupo de especialistas de conservação e reprodução e especialistas em canídios da União Internacional para Conservação da Natureza.