Título: Ideologias de lado na hora do referendo
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 23/10/2005, País, p. A6

SÃO PAULO - Visões diferentes no que diz respeito à ideologia política, eles agora estão unidos dentro daquilo que consideram a melhor alternativa para a segurança no país. No referendo sobre as armas de fogo, inimigos políticos ferrenhos estão de mãos dadas defendendo as mesmas posições.

Pelo Não à proibição da venda de armas e munição, por exemplo, os radicais trotskistas do PSTU estão do mesmo lado da maioria dos parlamentares do PFL, cujo presidente, Jorge Borhausen (SC), disse recentemente que o Brasil poderia ficar livre da ''raça'' da esquerda pelos próximos 30 anos.

Pelo Sim à proibição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu mais forte adversário nas eleições de 2006, o prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), assinaram artigos nos jornais apresentando argumentos muito parecidos.

Mas por trás do Sim e do Não, cada partido ou cada político tem razões muito particulares.

- No Brasil, 54 milhões de pessoas estão abaixo da linha de pobreza. Cedo ou tarde essas pessoas vão se rebelar. E aqueles que se beneficiam do modelo econômico atual preferem uma população desarmada porque é mais fácil de reprimir - avalia o presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida.

O partido fechou questão pelo Não e sustenta que o referendo é uma idéia dos EUA para desarmar os latino-americanos. No P-Sol, outro partido da chamada esquerda radical, a tendência maior é também pelo Não.

- O Estado capitalista e a burguesia não defendem os trabalhadores, pelo contrário. Por isso, achamos legítimo o trabalhador se defender - acrescenta Almeida.