Título: Colegas de partido ficaram surpresos
Autor: Hugo Marques e Sérgio Pardellas
Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2005, País, p. A3

BRASÍLIA - O mensalinho do senador Geraldo Mesquita Júnior (P-Sol-AC) deixou estarrecidos parlamentares de diversas siglas partidárias. O deputado Chico Alencar (RJ), que trocou o PT pela expectativa de ética no P-Sol, expressou ontem seu sentimento com o mensalinho. - Tomei um susto quando vi a manchete do jornal. Apóio a investigação. Até para que essa questão da contribuição, uma tradição da esquerda, seja melhor definida no partido. Defendo uma contribuição, mas que seja voluntária - disse.

Sobre os diálogos entre um ex-servidor do gabinete de Geraldinho e a atual funcionária publicados ontem pelo JB, Alencar disse que precisam ser melhores esclarecidos pelas partes envolvidas no caso:

- O que me parece é que esse rapaz (o ex-assistente parlamentar Paulo dos Santos Freire) não concordava muito com o desconto. Ou concordou e agora não concorda mais - disse.

Para o deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), a investigação no Conselho de Ética é necessária para verificar se os fins não foram privados.

- O que ele fez não foi adequado. A investigação é importante para saber a que fins o dinheiro descontado servia - afirmou.

O deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), que é investigado no Conselho de Ética da Câmara, considerou a denúncia tão grave quanto a do mensalão:

- É menor do ponto de vista numérico mas do ponto de vista ético é tão grave quanto (ao mensalão).

Um petista que criticou o atitude do senador preferiu o conforto do anonimato para evitar colocar mais lenha na relação do P-Sol com o PT.

- Entre sol e estrelas, a coisa não anda muito bem. Mas o assunto do mensalinho do Geraldinho de fato é grave - disse.

Geraldinho foi eleito nas eleições de 2002 pelo PSB com 104.993 votos (21,52% dos votos válidos), para o período de 2003 a 2011. Em março desse ano, filiou-se ao P-Sol pelas mãos da senadora Heloísa Helena (AL) e assumiu a postura de um dos críticos mais ferrenhos do governo federal. No início do ano, o JB denunciou a existência de 9 parentes lotados em seu gabinete. Na ocasião, o senador pediu desculpas e demitiu 12 servidores, entre parentes e indicados, que engordavam sua renda em R$ 20 mil mensais.