Correio Braziliense, n. 21788, 11/11/2022. Política, p. 2

Choro ao falar sobre a fome



No discurso que fez no CCBB, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva chorou e chegou a interromper sua fala quando comentou sobre o combate à fome, que voltou à pauta nacional. “Se quando eu terminar este mandato cada brasileiro tiver tomando café, almoçando e jantando outra vez, terei cumprido a missão da minha vida. Restabelecer a dignidade do povo é a única razão de eu voltar”, afirmou, sendo aplaudido de pé.

Lula pediu desculpas por se emocionar e disse que não esperava que a população voltasse a entrar no mapa da fome. “Desculpa, mas o fato é que eu jamais esperava que a fome ia voltar a este país. Quando eu deixei a Presidência, 10 anos atrás, este país estaria igual à França, à Inglaterra; este país teria evoluído no ponto das conquistas sociais; este país levou o impeachment de uma mulher (a então presidente Dilma Rousseff); este país viveu o maior processo de negação da política que eu conheço na história”, pontuou.  De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, publicado em junho, 33,1 milhões de pessoas passam fome no país, o mesmo nível de 30 anos atrás.

Segundo o petista, é preciso mudar a forma de encarar determinados gastos que são feitos pelo poder público. “Muitas coisas que são consideradas como gastos neste país, precisam passar a ser encaradas como investimento. Não é possível que se tenha cortado dinheiro da farmácia popular em nome de que é preciso cumprir a meta fiscal, cumprir a regra de ouro”, disse Lula.

O presidente eleito afirmou, ainda, que pretende conversar com o agronegócio para entender “qual é a bronca” com sua eleição, já que o setor pagava juros menores durante a gestão petista em relação ao cenário atual.