Correio Braziliense, n. 21788, 11/11/2022. Política, p. 5

Ministério tenta justificar auditoria



Depois de divulgar o resultado de um auditoria na qual não constatou fraudes nas eleições e tampouco colocou em xeque a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Ministério da Defesa divulgou, ontem, nota dizendo que a fiscalização realizada “não excluiu a possibilidade da existência de fraude ou inconsistência nas urnas eletrônicas e no processo eleitoral de 2022”.

“Por isso, o Ministério da Defesa solicitou ao TSE, com urgência, a realização de uma investigação técnica sobre o ocorrido na compilação do código-fonte e de uma análise minuciosa dos códigos que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, criando-se, para esses fins, uma comissão específica de técnicos renomados da sociedade e de técnicos representantes das entidades fiscalizadoras”, diz a nota.

Os códigos fonte, porém, tinham sido abertos um ano antes da realização do pleito, o que indica que o Ministério da Defesa teve tempo suficiente para fazer as verificações que disse terem sido a ele impedidas.

A nota da pasta foi publicada depois de uma onda de reações negativas de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. Usuários do Twitter disseram ter se sentido traídos pelas Forças Armadas por causa do resultado da fiscalização e da contagem paralela de votos.

Os militares fizeram diversas investidas na Justiça Eleitoral para que pudessem realizar a contagem paralela e instituir um teste de segurança das urnas com uso das digitais dos eleitores, como forma de evitar possíveis fraudes ou a instalação de um “código malicioso” nos dispositivos que teria a capacidade de alterar o resultado das eleições.

Por sinal, o uso da expressão “código malicioso” pelo ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, foi interpretado no TSE como uma forma de atender Bolsonaro de alguma forma, uma vez que o presidente contava com o relatório dos militares como a última cartada para contestar o resultado da eleição. O relatório da Defesa também causou mal estar no núcleo político de Lula.

Para o TSE, no entanto, como não foi encontrada nenhuma irregularidade e a auditoria dos militares aponta que votos registros em boletins impresso pelas urnas coincidiram com os votos totalizados, não se fala em questionamento do resultado.