Correio Braziliense, n. 21788, 11/11/2022. Política, p. 2

Rigotto: âncora fiscal é necessária



O ex-governador Germano Rigotto (MDB-RS), integrante da equipe de transição, disse que “seria um suicídio do governo não respeitar a responsabilidade fiscal”, mas frisou não acreditar que isso ocorrerá na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. “O presidente tem uma experiência de dois mandatos, saberá aproveitar os acertos e evitar os erros que aconteceram”, destacou. “No mesmo discurso que o presidente Lula falou do social, ele falou também sobre a responsabilidade fiscal.” 

Rigotto, que atuará no grupo de Indústria, Comércio e Serviços, afirmou não ver problemas na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição para viabilizar promessas de campanha de Lula, como a continuidade do Auxílio Brasil de R$ 600. Ele alertou, porém, que não se pode “abrir a porteira, tem de ter os limites claros”. “Eu não tenho a menor dúvida que teremos uma retomada da preocupação com o social, mas vai ter responsabilidade fiscal. Vai ter de ter alguma âncora fiscal”, acrescentou ele, que foi coordenador do programa de governo da senadora Simone Tebet (MDB-MS), terceira colocada nas eleições.  

Quanto a cargos no novo governo, Rigotto entende que Tebet vier a ser ministra de Lula, deve entrar na cota pessoal do presidente. “Tebet para ser ministra independe de decisão do MDB”, destacou. “A única coisa que o MDB não pode fazer é trocar espaço no governo por apoio. Esse erro o partido já cometeu”, frisou. Na avaliação dele, o partido deve abrir negociações em torno das propostas da futura gestão.  

O emedebista contou que, desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, se debruça sobre propostas de reforma e simplificação tributária, questão que entende como fundamental para o crescimento dos setores da Indústria, Comércio e Serviços. Ele apostou na negociação em cima de projetos que já tramitam no Congresso como alternativa para o novo governo. “Com as PECs 45 e 110, que discutem a reforma tributária, podemos avançar mais rápido”, disse. “Se a reforma tributária não acontecer no primeiro ano de governo, não vai acontecer”, enfatizou. (HL)