Título: Seca prejudica referendo
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 24/10/2005, País, p. A7
A seca no Amazonas, considerada a pior dos últimos 50 anos, impediu que 212 eleitores votassem na comunidade de Urucarazinho, no município de Urucarituba, a 207 km ao leste de Manaus. As urnas eletrônicas não chegaram ao local com a baixa dos rios. Os habitantes foram liberados da votação pela juíza Maria Cristina Raposo do Carmo e não terão que justificar ou pagar a multa de R$ 3 aplicada aos faltosos.
- O único meio de transporte viável para enviar uma urna seria o helicóptero do Exército, mas os custos operacionais inviabilizaram uma operação à localidade - explicou a juíza. O custo de uma hora de viagem de helicóptero é de R$ 12 mil.
Para levar a urna à Urucarazinho é necessário seguir por uma estrada, que liga a capital ao município de Itacoatiara (são 170 km), navegar uma hora pelo rio Amazonas e outras quatro horas de rabeta (canoa com motor de popa) até chegar ao lago que dá nome à comunidade.
No oeste do Pará, a população também teve dificuldade de chegar às zonas eleitorais em função da seca. O Ministério Público solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral do Pará uma lista dos eleitores que não conseguiram votar para que pudessem justificar.
No início da tarde, foi divulgada a informação de que um jacaré teria atacado uma equipe dos Correios que tentava levar, pela mata, a urna eletrônica a uma zona eleitoral de Sacuri. Ninguém ficou ferido. A assessoria do TRE paraense negou o episódio e disse que uma juíza de Oriximiná apenas alertou para o perigo de atravessar a lama para chegar às zonas eleitorais.
O TRE do Amazonas facilitou a justificativa de suas ausências, e helicópteros foram usados para levar as urnas a algumas comunidades.
O governo do Estado do Amazonas havia solicitado apoio de tropas federais para garantir a segurança em 36 municípios em situação considerada crítica e com falta de policiamento. O pedido foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral, com a justificativa de que o governador Carlos Eduardo Braga não teria respondido à consulta do ministro Marco Aurélio sobre as condições das polícias militar e civil na região.
O Estado havia solicitado o apoio de tropas federais principalmente nos municípios de Tefé, Lábrea, Humaitá, São Gabriel da Cachoeira, Benjamin Constant, Novo Aripuaña, Tabatinga, Atalaia do Norte, Alvarães e Apuí.