Título: Anulada outra sessão do Conselho de Ética
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2005, País, p. A5

Processo de Dirceu sofre novo atraso por falta de quórum

BRASÍLIA - O deputado José Dirceu (PT-SP) ganhou mais um dia no Conselho de Ética da Câmara. O deputado Nilson Mourão (PT-AC) questionou a validade da reunião do Conselho realizada ontem. Ele apresentou questão de ordem à Mesa Diretora e pediu a anulação da sessão porque não houve quorum necessário. Pelo Regimento Interno, é preciso o registro de presença de 51 deputados para abrir a sessão. Ontem, porém, havia 49 deputados.

O pedido foi acatado e a reunião de ontem, que serviria de contagem para o prazo de duas sessões de análise do parecer, foi considerada nula pela Mesa. Diante da decisão, a votação do parecer que pede a cassação do mandato de Dirceu, inicialmente marcada para ontem, adiada para terça-feira, deverá ocorrer somente na quarta-feira.

O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), afirmou que a votação pode não sofrer atrasos se o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), conseguir negociar a redução do prazo de vista.

- Cabe agora ao presidente do conselho conversar com a deputada Angela Guadagnin (que fez o pedido de vista) e ver se ela abre mão de um dos dias do prazo - afirmou Aldo.

Após reunião com Aldo e Izar, Angela concordou em desistir dos dois dias. O presidente da Câmara marcou para dia 9 de novembro a votação da cassação de Dirceu em plenário.

O cancelamento da reunião é a terceira articulação para protelar a votação do processo contra Dirceu. A primeira delas está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pede o cancelamento do processo sob o argumento de que o PTB, partido responsável pela ação, desistiu de processar o deputado logo depois da renúncia de Roberto Jefferson.

A segunda é semelhante à decisão de ontem da Mesa. O deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) questionou a validade da sessão em que foi lido o relatório feito por Júlio Delgado (PSB-MG) que pedia a cassação de Dirceu. Ele argumentou que a ordem do dia no plenário havia iniciado e o conselho continuou reunido, o que é proibido pelo regimento.

Diante das duas primeiras manobras, o presidente do conselho chegou a dizer que haveria uma ''conspiração'' para salvar Dirceu.