Correio Braziliense, n. 21789, 12/11/2022. Política, p. 4

Senador elogia defesa da democracia



O senador eleito Wellington Dias (PT-PI) elogiou, ontem, a nota em que as Forças Armadas condenaram as manifestações de bolsonaristas contra vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, o documento reitera o compromisso dos militares com a defesa da democracia.

“Quero elogiar o comando das Forças Armadas pela posição firme em defesa da democracia e, é claro, tratando que precisa colocar as coisas em ordem”, afirmou Dias, à Globonews. O ex-governador do Piauí está à frente das discussões sobre o orçamento para 2023 na equipe de transição do governo eleito.

Dias fez também um aceno às Forças Armadas ao dizer que a equipe tem pensado em recompor o orçamento do Ministério da Defesa. “Ministério da Defesa, que protege nossas fronteiras, está com redução no Orçamento e estamos colocando recursos”, sinalizou.

 

Dubiedade

As notas divulgadas pelo Ministério da Defesa e pelos comandantes militares vêm repercutindo nos bastidores da política. À medida que manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (PL) vão às ruas em atos para pedir intervenção militar, parlamentares fazem apelos para que o militares adotem um discurso mais claro, sob o argumento de que mensagens dúbias podem contribuir para inflar a população 

Em vídeo publicado ontem, o deputado federal bolsonarista Marco Feliciano (PL) pediu que a Defesa “não fique em cima do muro” e “não brinque com os sentimentos” dos manifestantes pró-Bolsonaro, que nutrem esperanças sobre uma eventual confirmação de fraude.

“Sejam mais explícitos em suas notas. (Peço) que o ministro da Defesa venha a público e diga com todas as letras o que encontraram nessas benditas urnas eletrônicas. Por favor, não prolonguem mais essa agonia”, pediu.

O senador Omar Aziz (PSD-AM) criticou o fato de a nota das Forças Armadas ter, segundo ele, minimizado o caráter inconstitucional das manifestações que pedem intervenção militar. “Essas pessoas têm de ser punidas por pedir intervenção, isso é inconstitucional, é crime, e aqueles que aceitam isso também estão cometendo esse crime, estão sendo coniventes”, afirmou ao portal UOL.

A deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB-SP), que se afastou do presidente Bolsonaro durante a campanha eleitoral deste ano, afirmou que considera “irresponsável” o que chamou de “mensagens cifradas” da Defesa.

“Penso ser uma irresponsabilidade o Ministério da Defesa adotar uma postura ambígua. Se houve alguma irregularidade nesta eleição de 2022, que tenham coragem de apontar com clareza. Se não houve, que cessem as mensagens cifradas, que findam estimulando falsas esperanças na população infeliz com o resultado”, criticou.