Título: Expulsão de Delúbio do PT será julgada hoje
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2005, País, p. A6

SÃO PAULO - Quase cinco meses após o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar o suposto esquema do mensalão, o PT tenta hoje dar fim ao seu primeiro processo de punição interna, contra o ex-tesoureiro Delúbio Soares. Integrantes da cúpula petista receberam ontem telefonema de Delúbio, informando que iria entregar sua carta de desfiliação. Mas mesmo com a possibilidade do afastamento espontâneo, o presidente interino da legenda, Tarso Genro, insistia em votar o relatório pela expulsão.

Ao tomar conhecimento disso, o ex-tesoureiro desistiu de se desligar voluntariamente, frustrando o desejo da cúpula do partido e do Planalto. Para a legenda a saída de Delúbio poderia diminuir o desgaste provocado pela crise política. Francisco Rocha, coordenador do Campo Majoritário chegou a fazer um último apelo para que Delúbio se desfiliasse.

Delúbio, acusado de comandar o esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares de partidos aliados, será julgado por ''gestão temerária'' das finanças do partido e deve ser expulso. O ex-tesoureiro argumenta que as responsabilidades das irregularidades cometidas pelo PT deveriam ser divididas com a direção partidária, já que as metas estipuladas para as campanhas eram muito maiores do que o caixa oficial poderia dar conta.

Dirigentes ligados ao Campo Majoritário, grupo interno com maior força dentro do partido, trabalham para que o relatório que a comissão de sindicância elabora contra outros parlamentares que tiveram seus nomes citados na investigações sobre o suposto esquema do mensalão seja arquivado. Os dirigentes dizem que, antes de serem punidos internamente, é preciso aguardar o resultado das investigações das CPIs do Congresso.

A reunião de hoje marca o início do diretório eleito nas eleições internas e do novo presidente, Ricardo Berzoini, e pode também ficar para a memória petista como o fim do caso Delúbio. O diretório também discutirá a situação dos demais deputados envolvidos no escândalo do mensalão. Entre os seis parlamentares apontados pelas CPIs, o ex-ministro José Dirceu também é alvo da comissão de sindicância, que determinará se a comissão de Ética da sigla deve pedir expulsão.

Alheio às acusações, Dirceu e José Genoino ganharam o direito de ter cadeira cativa em todas as reuniões do diretório, independente da situação em que se encontrem publicamente. Tarso Genro propôs medida que garantisse que ex-presidentes da legenda tivessem o direito de participar das reuniões do diretório na condição de ''convidados permanentes''. Eles não terão direito a voto, mas poderão se manifestar nas reuniões.

Segundo Tarso, que deixará hoje o cargo de presidente, a proposta teve apoio das correntes de esquerda Democracia Socialista e Articulação de Esquerda e oficializa uma situação já existente.