Valor Econômico, v. 20, n. 4964, 20/03/2020. Brasil, p. A2 

Normalidade deve voltar em sete meses, diz Bolsonaro

Fabio Murakawa


O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que a economia não crescerá o esperado neste ano e que o país deve demorar seis ou sete meses para voltar à normalidade após a epidemia de coronavírus. Em sua live semanal no Facebook, ele criticou medidas adotadas por governadores para conter a pandemia, como a restrição ao comércio, e disse que o preço da gasolina na bomba deveria hoje estar perto de R$ 3,50.

“Não há dúvida que teve um tremendo balanço na economia do mundo todo. E aquilo que esperávamos crescer este ano nós não vamos crescer”, afirmou o presidente. “A gente espera, acha que em três quatro meses esse pico do vírus diminuirá. E, a partir de uns seis, sete meses, o Brasil entra na normalidade. ”

Bolsonaro, no entanto, criticou medidas que vêm sendo tomadas por governadores para evitar o alastramento do vírus, como o fechamento de bares, restaurantes, academias e outros estabelecimentos.

“Algumas autoridades estaduais estão tomando medidas, mas quando o remédio é demasiado pode fazer mal para o paciente”, afirmou. “As pessoas não podem ficar em casa, têm que buscar o sustento. ”

Em outro ponto de atrito com os governadores, Bolsonaro disse que o preço da gasolina na bomba deveria estar mais barato.

“Não vou polemizar com ninguém aqui”, afirmou. “Desde janeiro até agora, a gasolina baixou 30%. Então, quem estava pagando a gasolina em 1º de janeiro R$ 5 [o litro] deveria estar pagando R$ 3,50. ”

O presidente vem defendendo a redução do valor do ICMS cobrado sobre os combustíveis. Essa defesa de Bolsonaro vem colocando o presidente em choque com governadores, uma vez que o ICMS é um tributo estadual.

“O governo federal faz a sua parte. Até porque não é decisão do governo o preço da gasolina. É uma política da Petrobras ”, afirmou o presidente.

Na live, Bolsonaro informou ainda que o presidente da Agência Brasileira de Promoção à Exportação (Apex), almirante Sérgio Segóvia, testou positivo para o coronavírus. É o 18º caso confirmado entre os integrantes da comitiva que viajou com ele para os Estados Unidos.

O presidente disse ter conversado com Segóvia, que não tem sintomas nem passa mal. Ele também conversou com o ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e afirmou que ele também não apresenta nenhum sintoma da covid-19.