Correio Braziliense, n. 21792, 15/11/2022. Política, p. 2
STF repudia hostilidade de radicais
Luana Patriolino
O Supremo Tribunal Federal (STF) repudiou os ataques sofridos pelos ministros da Corte, no último fim de semana, em Nova York, por parte de militantes bolsonaristas. Por meio de nota, a presidente Rosa Weber classificou os atos como “intolerância e violência” e “incompatível” com a democracia.
“O Supremo Tribunal Federal repudia os ataques sofridos por ministros da Corte, em Nova York. A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão”, salientou a magistrada em nome de toda a Corte.
No domingo, uma mulher xingou o ministro Luís Roberto Barroso na Times Square e, durante a perseguição, ela chega a ameaçá-lo: “Cuidado, hein, o povo brasileiro é maior do que a Suprema Corte. Você não vai ganhar nosso país, foge”, disse a mulher, constrangendo o ministro que apenas respondeu: “Não seja grosseira”.
Além de Barroso, os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli também estão na cidade e foram hostilizados por bolsonaristas. Os ministros deixaram o hotel onde estão hospedados sob xingamentos, com escolta de seguranças.
Foragido
Os radicais estão concentrados em frente ao Harvard Club e, a exemplo dos atos que os bolsonaristas vêm fazendo no Brasil, se dizem inconformados com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), nas urnas, no segundo turno da eleição presidencial. “Não podemos ter o país governado por um ladrão”, grita uma mulher. “Vocês são bandidos”, berra outra quando os ministros deixam o local.
Um dos chefes dos atos é o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira e procurado pela Interpol — em um dos vídeos que circulou nas redes sociais, ele chama Moraes de “covarde”, de “advogado do PCC” e diz ao grupo de bolsonaristas que “não teve eleição no Brasil, foi escolha do STF, do foro de São Paulo”.
A concentração dos radicais levou a polícia de Nova York a cercar a saída do prédio. O grupo Doria, que promove o evento, também reforçou a segurança privada. (Com DR)