Correio Braziliense, n. 21792, 15/11/2022. Política, p. 2
Toffoli defende inquérito
O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), lembrou, ontem, que quando presidiu a Corte, abriu a investigação das fakes news/atos antidemocráticos — no começo do governo Bolsonaro — foi um instrumento importante para o Brasil assegurar a manutenção do regime democrático.
“Havia e há financiamento desses atos (antidemocráticos e de que ataque às instituições). O grande mérito foi dissuadir a alocação de altos recursos. Não me arrependo desse inquérito, que esmagou a cabeça da serpente antes que surgisse o ovo da serpente”, avaliou.
Segundo o ministro, o Brasil têm “anticorpos” para os excessos cometidos pela direita e pela esquerda em 34 anos de eleições diretas. “A gente já sabe o que dá certo e o que dá errado, vindo da esquerda ou da direita”, destacou.
Já o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, aproveitou para criticar os manifestantes que, do lado de fora do evento, vêm hostilizando os ministros com todo tipo de agressão verbal.
“Dizem que Supremo é povo. Pois o povo já se pronunciou. A eleição já terminou e, agora, só cabe aceitar o resultado. A vida em democracia é simples assim. O resto é intolerância, espírito antidemocrático, quando não selvageria”, comentou.
Histeria
Para o decano do STF, ministro Gilmar Mendes, é preciso indagar o que está por trás “dos discursos lunáticos e histéricos que pedem intervenção militar” e “o que torna os cidadãos presas fáceis de milícias digitais”.
“O que joga tais cidadãos nos braços do autoritarismo? A democracia precisa recrutar os cidadãos para lutar pela democracia, e não para destruí-la”, exortou.
Barroso propôs uma “agenda de consensos, de denominadores comuns, que as pessoas possam concordar”. “O primeiro deles é o combate à pobreza e à fome, desenvolvimento sustentável e prioridade máxima à educação básica. Quem acha que o problema da educação no Brasil é escola sem partido, identidade de gênero e saber se 1964 foi golpe ou não foi golpe está assustado com a assombração errada”, observou.
Para o ministro Antonio Anastasia, do Tribunal de Contas da União (TCU), é preciso olhar, também, para aquilo que o Estado oferece ao cidadão: “A fragilidade dos serviços públicos no Brasil afeta a nossa democracia. As pessoas hoje têm grande dificuldade de reconhecer o poder público como aliado”, destacou. (DR)