Título: Sim
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 23/10/2005, Brasília, p. D1

Integrante da Frente Parlamentar Brasil Sem Armas, a favor do voto pelo sim , a deputada Maninha (PSOL) diz não acreditar que, ao retirar arma do convívio social de alguém e impedir o comércio de armamentos a sociedade, está contribuindo para o fim de violência. - Mesmo assim, se uma ou duas vidas pudessem ser salvas pela proibição da venda de armas eu votaria sim de qualquer jeito - diz a deputada, que considera válida a realização do referendo.

Maninha defende ainda que o instituto do referendo seja usado para outros temas como, por exemplo, a transposição do Rio São Francisco e a decisão sobre o horário de verão.

O senador Cristovam Buarque (PDT), ao contrário, não é a favor da realização do referendo, apesar de votar pelo sim.

- É um assunto que o Congresso deveria ter decidido. O referendo está funcionando como incentivo para a compra de armas. Se o não ganhar as pessoas vão ser incentivadas a comprar armas. Vai ter gente que em vez de conversar sobre a marca do carro vão falar da marca da arma - criticou o senador.

Cristovam se diz contra as armas. Acredita que elas não deveriam nem mesmo ser fabricadas.

- Vender armas para um cidadão termina incentivando o cidadão pacífico a usar armas por uma ocasião ou outra. Além disso, por meu compromisso com as crianças só posso ser contra as armas - justifica o senador, fundador da ONG Missão Criança.

Assim como Cristovam, o deputado José Roberto Arruda (PFL) se declara contra o uso das armas.

- Isso pode parecer utópico mas é nisso que eu acredito. O mundo só vai se modificar realmente quando não houverem mais armas - diz o deputado.

Arruda critica a forma como o referendo foi estruturado. Ele acha que o assunto deveria ter sido discutido de forma mais detalhada.

- Há situações como a dos fazendeiros que matam cobras que precisam de armas e podem tê-las, isso deveria ser mais explicado - exemplifica.

Apegado à moral Cristã, o deputado Wasny de Roure, evangélico, defende o sim sob o argumento de que uma pessoa portadora de uma arma está suscetível a desequilíbrios momentâneos.

- A arma potencializa o sentimento de violência do ser humano - argumenta.

Wasny não acredita que a proibição da comercialização de armas e munição favoreça o mercado negro de armamentos.

- O mercado clandestino vai continuar existindo, mas seu tamanho vai diminuir porque o preço vai aumentar e isso limitaria o número de pessoas que podem ter acesso a esse tipo de bem - justifica.

Para o deputado Sigmaringa Seixas (PT), ter uma arma não é direito de ninguém.

- É um risco. Os direitos que estão expressos na Constituição são o direito à vida, educação e saúde - afirma.

Assim como Arruda, Sigmaringa critica a forma como o referendo foi conduzido. O deputado não acredita que a aprovação da proibição retira a responsabilidade do Estado com a segurança pública.