O Globo, n. 32587, 26/10/2022. Política, p. 6

Lula afirma que, se vencer, não vai tentar a reeleição

Malu Mões
Victória Cócolo


Num gesto para consolidar apoios recém-conquistados, o candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a declarar ontem, na semana do segundo turno, que não tentará uma reeleição caso seja eleito. O aceno busca a facilitar a adesão de novos aliados, e ao mesmo tempo abre espaço para que políticos de fora do PT tenham maior interesse em integrar um eventual governo. Além do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), Lula trouxe para sua campanha no segundo turno duas ex-presidenciáveis, a ex-ministra Marina Silva (Rede) e a senadora Simone Tebet (MDB).

Em um ato pela defesa da democracia na noite da última segunda-feira, no Teatro da PUC, em São Paulo, Lula já havia afirmado que o seu governo não “será do PT”:

— Não será um governo do PT, será um governo do povo brasileiro — discursou.

Esta não é a primeira vez que o candidato fala sobre a intenção de governar por apenas um mandato. Em setembro, durante ato em que recebeu o apoio de tucanos históricos, ele anunciou, de forma enfática, que não disputará um novo mandato, caso seja eleito no próximo domingo:

— Todo mundo sabe que não é possível um cidadão com 81 anos querer a reeleição. Todo mundo sabe. A natureza é implacável — enfatizou Lula, de 76 anos, na ocasião.

O petista completará 77 anos amanhã e, se eleito, terá 81 ao concluir o mandato, em 2026. Diante da realidade, segundo Lula, é preciso cumprir todas as promessas em quatro anos. “Os líderes se fazem trabalhando, no seu compromisso com a população”, afirmou na postagem no Twitter.

Também ontem, Lula prometeu que, em caso de vitória, abrirá diálogo com o Legislativo imediatamente. A declaração foi feita em entrevista à rede de rádios Nova Brasil FM:

— Se nós ganharmos as eleições neste domingo, nós vamos ter que começar a conversar com o Congresso já. Nós vamos ter que encontrar um meio de discutir com o Congresso já para que a gente possa colocar o dinheiro necessário para cumprir aquilo que está previsto (plano de governo).

Lula afirmou que “vai demorar um tempo para acertar com o Congresso” e fazer mudanças no Orçamento, mas disse querer discutir a Reforma Tributária, que está parada no Legislativo. O petista voltou a defender a isenção de impostos daqueles que ganham salário de até R$ 5 mil. Destacou ainda que vai falar com todos os partidos e com cada um dos 513 deputados eleitos.

Escalação de time

Sem novas visitas a Minas Gerais na última semana de campanha, Lula escalou três aliados para um último esforço em busca de votos no segundo maior colégio eleitoral do país. Geraldo Alckmin, Simone Tebet e o deputado federal eleito por São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) terão agendas individuais no estado. O petista venceu em Minas com 48% dos votos no primeiro turno, enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) obteve 43%.

(Colaboraram Jeniffer Gularte e Camila Zarur)