O Globo, n. 32587, 26/10/2022. Política, p. 6

Sar­ney anun­cia voto no PT e diz que Bol­so­naro é con­tra ins­ti­tui­ções



O ex-presidente da República José Sarney (MDB) declarou voto em Lula (PT) no segundo turno das eleições ao Palácio do Planalto. Ele considerou que votar em Jair Bolsonaro (PL) seria votar contra as instituições.

“Terá como consequência anos de autocracia, um regime de força construído na mentira sistemática e no abuso do poder”, afirmou em carta publicada em seu site. “O voto em Lula — que já tem seu lugar na História do Brasil como quem levou o povo ao poder e como responsável por dois excelentes governos — é voto pela democracia, pela volta ao regime de alternância de poder, pela busca do Estado de Bem-Estar Social. A diferença é clara”, acrescentou.

O primeiro presidente do Brasil após o fim da ditadura militar, Sarney destacou que as marcas de Bolsonaro são a proliferação de notícias falsas, o racismo, a xenofobia e a divisão da sociedade: “Assim se hostiliza, agora, os nordestinos, os pobres, como se fossem brasileiros inferiores. Isso atenta contra todos os princípios democráticos e até éticos”.

Sarney comparou Bolsonaro a outros líderes mundiais conservadores, como Vladimir Putin, presidente da Rússia, Donald Trump, ex-presidente dos Estados Unidos, e Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria.

Na última sexta-feira, Sarney já havia divulgado uma nota em defesa do Supremo Tribunal Federal (STF). No texto, Sarney prestou “solidariedade” à Corte e a seus ministros e afirmou que “sem um Supremo forte e íntegro não há democracia e os direitos individuais desaparecem”. A nota não detalha crítica ou ataque específico ao STF, mas a Corte é alvo frequente de críticas de Jair Bolsonaro e de seus apoiadores.

Sarney inicia o texto dizendo que “o Supremo Tribunal Federal nunca faltou à nação” e que “sobretudo nos momentos difíceis como o que vivemos que ele assegura os direitos humanos, individuais, difusos e sociais, o Estado de Direito, o governo das liberdades e sobretudo a democracia, que não existe sem a Justiça”.

“A estrutura do país repousa sobre o Supremo, que será sempre a base da democracia e da liberdade. Minha solidariedade à Suprema Corte e a seus Ministros, que zelam pelas instituições. Sem um Supremo forte e íntegro não há democracia e os direitos individuais desaparecem”, diz o ex-presidente.