Correio Braziliense, n. 21797, 20/11/2022. Política, p. 5

PL agora quer anular urnas

Michelle Portela


O presidente do PL, Valdemar Costa Neto (PL), voltou a questionar, ontem, o resultado das eleições e afirmou que a legenda pedirá ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a revisão da apuração gerada a partir de urnas eletrônicas que entraram em funcionamento antes de 2020. A solicitação, que foi anunciada em um vídeo que circulou ontem nas redes sociais, deverá ser apresentada na terça-feira, embora o dirigente afirme que não contestará o resultado do pleito — cuja vitória foi de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O pedido tem por base uma auditoria do Instituto Voto Legal e sustenta que as urnas fabricadas antes de 2020 têm o mesmo número de patrimônio, o que, supostamente, impediria a verificação do funcionamento individual. “Pelo estudo que fizemos, têm várias urnas que não podem ser consideradas. É no Brasil inteiro, de 2020 para baixo. Todas elas têm o mesmo número, não tem como controlar. Temos a prova e vamos mostrar que essas urnas não podem ser consideradas. Vamos ver o que o TSE vai resolver”, diz Costa Neto no vídeo.

O presidente do PL, porém, afirma que a legenda não pedirá por novas eleições, mas a recontagem dos votos e investigação de possíveis irregularidades. “Nada de ter nova eleição, não vamos propor nada disso, não queremos tumultuar a vida do país. Mas têm umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até a próxima terça-feira”, afirma.

Legenda do presidente Jair Bolsonaro, o PL conquistou o maior número de cadeiras tanto na Câmara quanto no Senado, tornando-se a maior bancada do Congresso. No vídeo, não há menção de Costa Neto à possibilidade de os eleitos para o Legislativo saírem prejudicados em uma eventual recontagem das urnas que o partido diz serem problemáticas.

Recuos e negativas

O presidente do PL, porém, tem se notabilizado por seguidos recuos em relação à contestação às eleições. Quando o TSE convidou representantes de partido para conhecer a sala de totalização, Costa Neto afirmou à imprensa, na saída, que não havia a “sala secreta” que Bolsonaro vinha insistindo junto a seus apoiadores que existia. “(A sala de totalização dos votos) não é mais secreta, agora é aberta”, afirmou o dirigente.

Horas depois, porém, o partido divulgou um suposto relatório de auditoria do mesmo Instituto Voto Legal, em que afirma que “somente um grupo restrito de servidores e colaboradores do TSE controla todo o código fonte dos programas da urna eletrônica e dos sistemas eleitorais”. O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, determinou a imediata remessa do documento ao inquérito das Fake News, no Supremo Tribunal Federal (STF).

No último dia 15, o PL negou que questionaria o resultado das eleições por conta de um suposto relatório divulgado pelo site O Antagonista — Segundo o portal, a sigla pediria a anulação do pleito. O Correio teve acesso ao documento, que tem a logomarca PL e é assinado por Carlos Rocha, presidente do Instituto Voto Legal; seu vice Márcio Abreu; e pelo engenheiro Flávio Gottardo de Oliveira. O relatório diz não ser “possível validar os resultados gerados em todas as urnas eletrônicas de modelos 2009, 2010, 2011, 2013 e 2015”.