Título: Exportações de US$ 100 bi em 2005
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2004, Economia, p. A17

A combinação de fatores que nos últimos dois anos ampliou as exportações brasileiras em 55% tende não se repetir em 2005. Apesar de persistirem incertezas quanto ao cenário mais provável, a tendência de desaceleração está implícita na meta de US$ 100 bilhões de vendas externas anunciada ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan. Considerada a meta de US$ 94 bilhões que deverá ser alcançada neste ano, o montante representa acréscimo de apenas 6,5%, bem inferior aos 30% de expansão neste ano até outubro. Furlan lembrou que governo e empresários precisam fortalecer a ação do Brasil no exterior.

- O Brasil ainda tem uma imagem mundial limitada, muito tímida. Costumo dizer que é uma imagem simpática de samba, café e Pelé, mas que não produz resultado na última linha do balanço das empresas - afirmou.

De certa forma preparado para o provável desaquecimento no ritmo de crescimento das exportações nos próximos meses, o ministro tentará fortalecer a ação dos estados no esforço de maior inserção do país no comércio externo. O ministro citou as áreas de biotecnologia, automação bancária, jogos eletrônicos para celular, tecnologia ligada a aviões, equipamentos hospitalares, material de transporte e de bens de capital como áreas de excelência a serem exploradas. E informou que nos próximos dias será lançada a certificação da qualidade da cachaça brasileira.

A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), que projetou para 2004 exportações de US$ 96 bilhões (superior à previsão do governo), não tem pronta a estimativa das receitas esperadas para 2005. No entanto, a entidade considera que a participação dos produtos manufaturados no total dos embarques subirá dos atuais 53% para 60%, o que tende a impulsionar a importação de matérias-primas e bens intermediários.

Segundo o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro, prevalece a incerteza no comportamento futuro de quase todas as variáveis relacionadas ao comércio internacional. Uma das dificuldades é saber se a expansão seguirá com forte vigor frente às limitações impostas pelo déficit americano e sua repercussão na China, outro motor da economia de vários países.

A isso soma-se a indefinição quanto ao comportamento do câmbio e à capacidade das empresas em ampliar os embarques ao mesmo tempo em que garantem o abastecimento do mercado interno. Certeza, só uma: os altos preços das commodities tendem a cair.