Título: Aftosa chega ao Paraná
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 22/10/2005, Economia & Negócios, p. A17

Animais comprados em feira levaram doença do Mato Grosso do Sul para o estado. Quarenta fazendas já foram interditadas

BRASÍLIA e CURITIBA - A febre aftosa não está mais restrita à área isolada pelo Ministério da Agricultura num raio de 25 quilômetros dos primeiros focos identificados no Mato Grosso do Sul. Ontem, a Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná divulgou a suspeita de quatro focos da doença no interior do estado. No mesmo dia, o Ministério da Agricultura confirmou cinco novos focos no Mato Grosso do Sul, todos na região já interditada.

A Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) informou ontem que o governo brasileiro notificou, ao todo, 10 focos da doença no Mato Grosso do Sul até agora. Se as quatro novas suspeitas forem confirmadas, chegarão a 14 os focos da doença no Brasil.

De acordo com o secretário da Agricultura do Paraná, Orlando Pessuti, há 19 animais com sintomas da doença espalhados em propriedades do Norte e do Noroeste do estado. Segundo ele, os animais mancam, salivam em excesso e apresentam febre alta - sinais típicos da doença.

Questionado se achava que o foco de aftosa de Mato Grosso do Sul tivesse se alastrado para o Paraná, Pessuti não respondeu, mas fez um gesto afirmativo com a cabeça.

Um animal com suspeita é de uma propriedade na cidade de Maringá, três são de Loanda, outros três de Amaporã e 12 estão em Grandes Rios (358 km a noroeste de Curitiba).

Pessuti e o diretor-geral da secretaria, Newton Pohl Ribas, não divulgaram os nomes das fazendas. - Não vamos criar pânico. Não dou (os nomes) porque ainda é tudo suspeita - disse Ribas.

A confirmação para a aftosa deve ocorrer até terça-feira, quando o laboratório de Belém (PA) divulga o resultado das análises.

Segundo Pessuti, todos os animais possivelmente contaminados vieram de Eldorado, cidade do primeiro foco da doença confirmado no Brasil, no último dia 9.

Eles participaram da exposição agropecuária Eurozebu, que aconteceu em Londrina (Norte do estado), de 1º a 9 deste mês. No plantel exposto, 43 animais eram da região infectada no Mato Grosso do Sul e vários foram vendidos a pecuaristas do Paraná, de outros estados e até do exterior. A feira é internacional.

- Minha equipe técnica apurou que, dos bois com sintomas, todos são originários de propriedades dos primeiros focos. Eles chegaram a Londrina para a exposição em 24 de setembro. No dia 10 de outubro, quando fomos informados da doença, a maioria dos animais já tinha sido levada embora do parque de exposições - disse.

Pessuti afirmou que ainda não pode dizer para que outros estados os animais podem ter seguido. Segundo ele, o Paraná tomou as providências, como a criação de barreiras sanitárias, tão logo o surto de Eldorado foi comunicado, mas disse que a informação chegou tarde para provocar uma interdição do gado exposto na Eurozebu.

A confirmação do surto provocou a interdição, por precaução, de 40 propriedades que criam gado no Paraná. Um rastreamento sanitário mostrou que essas fazendas receberam animais de Mato Grosso do Sul nos últimos 60 dias. Dessa relação, fazem parte as quatro áreas com suspeita de aftosa.

Segundo relatório dos técnicos da Agricultura, foram 12 os proprietários do estado que compraram gado na feira de Londrina. Em oito, porém, ainda não há sintomas da doença.

Ele não soube dizer se havia também animais do Paraguai - país onde, segundo o governo federal, o foco pode ter surgido primeiro.

Pessuti afirma que os animais do próprio Paraná encontrados nessas fazendas foram submetidos a vacinação regular - que ocorre duas vezes ao ano no estado. A próxima está programada para começar em 1º de novembro, mas pode ser antecipada.

O Paraná está a 25 km de Eldorado - cidade do primeiro foco - e a 30 km do Paraguai, país por onde a doença teria entrado no Brasil. O estado não registrava um caso de aftosa há dez anos.

Dimalice Nunes, com