O Globo, n. 32589, 28/10/2022. Política p. 6

Em vídeo, FH pede voto em Lula: “Não tem dúvida. Vote no 13”

Gustavo Schmitt


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) publicou um vídeo ontem, em suas redes sociais, para pedir voto no ex-presidente Lula (PT) no próximo domingo, quando será realizado o segundo turno das eleições presidenciais.

— Você melhorou de vida com o plano Real e acredita no Brasil? Não tem dúvida. Vote no 13. Vote no Lula. Ele vai melhorar mais ainda sua vida — afirma o ex-presidente na gravação.

Esse não é o primeiro gesto do tucano na direção de Lula. Poucos dias após o primeiro turno, o ex-presidente declarou apoio ao petista e justificou que via na candidatura do outrora rival “uma história de luta pela democracia e inclusão social”. Na ocasião, a manifestação de FH veio junto com fotos históricas dos dois. No último dia 7, Lula fez uma visita à casa de Fernando Henrique em São Paulo e postou uma fotos de ambos abraçados com a legenda “reencontro democrático”.

Fernando Henrique foi um dos criadores do Plano Real, uma reforma monetária que levou à estabilização da economia num período de inflação galopante. Assim como o ex-presidente, os economistas Pedro Malan, Edmar Bacha, Arminio Fraga e Persio Arida, que foram os formuladores do Plano Real, também apoiam Lula nesta eleição. Em 1994, a maioria do Congresso Nacional apoiou o plano econômico dos tucanos. Já os petistas, que eram oposição, votaram contra.

Embora FH deixe claro que “não há dúvida” entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), o mesmo não acontece em seu partido. Nas últimas semanas, a opção entre os dois provocou mais uma crise interna no PSDB. O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, optou por apoiar Bolsonaro e o seu candidato na eleição no estado, o ex-ministro, Tarcísio de Freitas (Republicanos). A decisão levou a uma debanda de secretários em sua gestão, críticas de tucanos históricos e até ameaças de expulsão da sigla.

No sábado, a maioria dos participantes de uma reunião do diretório estadual de São Paulo declarou voto em Lula. Dirigentes da sigla alinhados ao bolsonarismo e que miram cargos numa eventual gestão Tarcísio reagiram. Na terça-feira, o diretório municipal oficializou o apoio a Tarcísio.

Já o diretório nacional do PSDB, que desde o ano passado havia se declarado oposição a Bolsonaro, preferiu se manter neutro e liberar os diretórios estaduais. Apesar disso, atualmente a maior parte da bancada tucana, que conta com 13 deputados, é bolsonarista.