Título: Brasiliense vota cedo para aproveitar domingo
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 24/10/2005, Brasília, p. D1

O brasiliense acordou cedo ontem para votar no referendo sobre a comercialização de armas de fogo. Em algumas seções, os eleitores tiveram que enfrentar filas mas, segundo o Tribunal Regional Eleitoral, a votação foi tranquila. Temendo esperar muito tempo na fila para votar, o gaúcho Juliano Cazarré foi prevenido: levou bomba, cuia, erva mate e água quente para tomar chimarrão enquanto esperava.

- Pensei que as filas estariam maiores, mas foi tranquilo, esperei cerca de 20 minutos. Votei pelo não porque acredito que o Brasil já tem uma das mais restritivas legislações sobre a compra e porte de arma do mundo, a proibição é desnecessária - afirma.

Militar reformado, Alairto Callai, 75 anos, fez questão de votar no referendo, mesmo não sendo mais obrigado.

- Poderia ter ficado em casa assistindo televisão, mas fiz questão de exercer meu direito de cidadão. Enquanto estiver vivo e andando, vou votar em todas as eleições - promete.

Callai e a mulher, Sílvia Helena, 65 anos, votaram pelo não.

- Nós moramos em chácara, lugar afastado e perigoso. Nunca precisei usar armas, mas tenho uma e sei atirar. Se precisar defender meu patrimônio, estou preparada - garante.

Com a pequena Carolina nos braços, a fisioterapeuta Luciana Maikura, 30 anos, votou pelo sim.

- Não é comercializando armas que se acaba com a violência. Quando voto sim, penso no futuro da minha filha. Se o sim ganhar agora, vão existir menos armas quando ela crescer - acredita.

Justificativa - Enquanto nas seções eleitorais as filas eram aceitáveis, nos postos específicos de justificativa elas assustavam. No Pátio Brasil, as filas se estendiam por toda a frente do shopping, e os eleitores tinham que esperar até 40 minutos para justificar a ausência.

Na rodoviária do Plano Piloto, filas longas também em alguns momentos, mas a votação foi tranquila. Segundo a PM, mas de 3 mil pessoas compareceram ao local.

Problemas - O TRE registrou poucas ocorrências durante o referendo. Na Ceilândia, um homem foi detido por votar alcoolizado e tumultuar uma seção, mas foi liberado depois de conversar com um juiz eleitoral. Ao contrário do que acontece em outras eleições, não foi decretada a lei seca, portanto a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas não foi proibido.

Dezenove das 3.909 urnas eletrônicas usadas na votação deram problemas, e nove foram substituídas. Duas seções, em Planaltina e na Ceilândias usaram as velhas urnas de voto manual.