Título: Xavier presta depoimento
Autor: Helena Mader
Fonte: Jornal do Brasil, 10/11/2004, Brasília, p. D3
Ex-distrital volta a negar envolvimento com homicídio
O distrital cassado Carlos Xavier prestou ontem seu primeiro depoimento em juízo sobre a acusação de ser o mandante da morte de Ewerton da Rocha Ferreira, 16 anos, em 8 de março. Durante quatro horas de interrogatório no Fórum de Samambaia, o ex-parlamentar respondeu a perguntas do juiz, do Ministério Público e da própria defesa. Negou envolvimento com o crime e saiu sem falar nada, em meio à confusão armada pela família, que teve de ser acompanhada pela polícia até a porta do Fórum. O interrogatório começou por volta das 14h. Xavier negou ser o mandante do crime e garantiu sequer conhecer os assassinos do garoto. E jurou mais uma vez que tudo não passaria de uma armação política.
- A tese dele é da negativa de autoria pura e simples. Mas estamos certos de que ele é culpado. Esse depoimento serviu para que esclarecêssemos alguns detalhes que restavam - avaliou o promotor Ricardo Antônio de Souza, da Promotoria do Júri de Samambaia.
De acordo com as investigações da Polícia Civil, Xavier teria gasto R$ 15 mil ao encomendar a morte de Ewerton - que manteria um relacionamento amoroso com sua ex-mulher, Maria Lúcia Xavier - ao capoeirista Eduardo Gomes da Silva, 52 anos, o Risadinha. Versão confirmada por Leandro Dias Duarte, 21 anos, que confessou o crime poucos dias após o homicídio e garantiu ter recebido dinheiro do capoeirista para matar em nome do ex-distrital.
- Xavier é inocente e não tem nada a ver com o crime. O Ministério Público é que tem que provar que ele é culpado - afirmou o advogado de Xavier, Francisco Maia.
Sobre a investigação paralela que teria sido realizada a pedido de Xavier, supostamente para tentar livrá-lo da acusação, também ela será alvo de investigação pelo MP. E, se for comprovada, poderá pesar contra o ex-deputado.
- Vamos investigar isso. E, se for comprovada barganha com polícia para livrá-lo da investigação do Estado, será um agravante - afirma o promotor.
Na saída do interrogatório, a mãe de Xavier e um irmão agrediram equipes de reportagem presentes no local. A segurança do prédio teve de intervir e acompanhar a família até a saída do Fórum. O próximo passo do processo é o interrogatório das testemunhas de acusação e defesa. Após as considerações finais do MP e defesa, o magistrado decide se pronuncia Xavier pelo homicídio ao Tribunal do Júri ou se o absolve.