Correio Braziliense, n. 21803, 26/10/2022. Política, p. 4

PL terá de arcar sozinho com multa

Taísa Medeiros


O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, excluiu o Republicanos e o PP da multa aplicada à coligação que lançou a candidatura do presidente Jair Bolsonaro à reeleição. Assim, o PL, partido do chefe do Executivo, terá de arcar sozinho com o valor, fixado em R$ 22,9 milhões.
A multa é decorrente do relatório apresentado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que questiona o segundo turno das eleições.
Segundo a decisão de ontem de Moraes, o PP e o Republicanos afirmaram ter reconhecido o resultado e a validade do pleito, com a vitória da Coligação Brasil da Esperança, do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois partidos também alegaram que não autorizaram o PL a apresentar o documento. As legendas destacaram, ainda, que Costa Neto se autointitulou “presidente da coligação”, o que não havia sido acordado com as demais siglas da aliança.

“Dessa forma, determino a exclusão de ambos os partidos políticos da presente ação, bem como o imediato cancelamento do bloqueio e da suspensão dos respectivos fundos partidários do Progressistas e do Republicanos, mantendo-se a condenação por litigância em má-fé única e integralmente em relação ao Partido Liberal”, diz Moraes, em sua decisão. Assim, passa a constar apenas o PL como autor da demanda.
No relatório protocolado no TSE, o PL apontou supostas inconsistências em seis modelos de urnas eletrônicas usados no pleito, o que teria afetado 279 mil equipamentos. Por conta disso, a legenda pediu que parte dos votos fosse anulada.
Moraes considerou o pedido “esdrúxulo e ilícito” e um atentado contra o Estado democrático de direito. Também enfatizou a “total má-fé da requerente”.

Barroso
O vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, comentou, ontem, sobre a resposta que deu a um bolsonarista, em Nova York, que colocava em dúvida a lisura das urnas eletrônicas. O vídeo viralizou. “Eu, humanamente, perdi a paciência”, afirmou o ministro, durante palestra no I Fórum de Cidadania Política, realizado no auditório do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), em Salvador. 
Na palestra, Barroso listou uma série de fake news que divulgaram sobre ele, mas, ao fim, admitiu um fato: “Sim, eu falei ‘perdeu mané, não amola’”, o que arrancou risos e aplausos da plateia.
“Gostaria de dizer que só perdi a paciência depois de três dias em que uma horda de selvagens andava atrás de mim me xingando de todos os nomes que alguém possa imaginar, e exatamente no dia em que os mesmos selvagens tinham invadido o telefone celular da minha filha com ameaças e grosserias que essa gente considera normal”, contou. “Portanto, eu, humanamente, perdi a paciência, mas tenho o maior respeito e consideração pelos 58 milhões de pessoas que votaram em um candidato, porque a democracia não é um governo de alguns, é o governo de todos, portanto, todos merecem respeito e consideração. Mas os humanos têm o direito de perder a paciência em alguns momentos da vida”, acrescentou.