O Globo, n. 32592, 31/10/2022. Política, p. 8

Lisura reconhecida



A apuração foi sucedida por uma entrevista coletiva no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que estiveram presentes, além do presidente da Corte, ministro Alexandre de Moraes, diversas outras autoridades da República, como o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSDMG), a ministra Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), e seus colegas Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Gilmar Mendes e Edson Fachin. Chefe do Ministério Público, o procurador-geral da República, Augusto Aras, que teve atuação alinhada ao presidente Bolsonaro, também esteve presente.

Outro aliado do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) se pronunciou na residência oficial da Casa, mas também reconheceu de imediato a vitória de Lula.

‘Respeito às instituições’

Em seu discurso, Moraes afirmou que a eleição presidencial de 2022 foi a que teve o maior número de votos em candidatos da História do país. Ele disse também não ver risco de contestação e que a chapa de Lula e Geraldo Alckmin será diplomada em dezembro.

— Não vislumbramos nenhum risco real de nenhuma contestação. O resultado foi proclamado, o resultado será aceito. O ex-presidente Lula e Alckmin serão diplomados em 19 de dezembro — disse.

A presidente do STF, ministra Rosa Weber, ressaltou que o tribunal continuará “firme e coeso” e que o TSE garantiu a legitimidade do resultado das urnas “mais uma vez”.

— Que a vitória dos escolhidos nas urnas, como expressão da vontade popular, se suceda e para tanto conclamo todos a um esforço coletivo, e que nos irmanemos em prol da unidade, do respeito e do fortalecimento das nossas instituições — disse ela.

Para Arthur Lira, a vontade da maioria nas urnas “jamais deve ser contestada” e que não se devem alimentar revanchismos ou perseguições, pois o momento é de “olhar para frente”.

— Ao presidente eleito, a Câmara lhe dá os parabéns e reafirma o compromisso com o Brasil, sempre com muito debate, diálogo e transparência. É preciso ouvir a voz dos todos, mesmo divergentes, e trabalhar para atender as aspirações mais amplas — declarou.

Antes de se pronunciar, Lira falou com Bolsonaro e procurou Lula por telefone, segundo sua assessoria de imprensa. O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira , chegou ao local após o pronunciamento.

Em seu discurso, Lira procurou adotar um tom conciliador, falando em pacificar o país, mas também dando um recado sobre o resultado da eleição para o Legislativo.

— O Brasil deu mais uma demonstração da vitalidade da sua democracia, da força das suas instituições e de nosso povo. A vontade da maioria manifestada nas urnas jamais deverá ser contestada, e seguiremos em frente na construção de um país soberano, justo e com menos desigualdades. As urnas já haviam falado em 2 de outubro passado, quando apontou que querem um Brasil no caminho das reformas, de um Estado menor e mais eficiente. Esse recado foi dado e deverá ser levado a sério.

Por sua vez, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, fez seu primeiro pronunciamento após a oficialização da vitória de Lula e disse que o papel do novo mandatário agora é “unificar o país”.

— O papel dos novos mandatários é o de reunificar o Brasil. Dando basta ao ódio e à intolerância — afirmou.

‘Transição equilibrada’

Assim como fez ao longo da campanha, o senador reafirmou sua confiança no sistema eleitoral e na transparência das urnas eletrônicas.

— Cumprimento em especial ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e ao vice presidente eleito, Geraldo Alckmin. Desejo a ambos, em janeiro de 2023, quando aqui daremos posse a eles, possam exercer os seus mandatos com êxito, com espírito democrático e para dar as devidas soluções aos verdadeiros problemas do povo brasileiro — afirmou Rodrigo Pacheco do púlpito do Senado, onde disse também acreditar “numa transição pacífica, equilibrada, civilizada”.

Ele afirmou não crer que Bolsonaro poderá pôr qualquer entrave à transição.

Por sua vez, o ex-juiz da Lava Jato e senador eleito Sérgio Moro (Podemos-PR) comentou a vitória de Lula no Twitter pouco após o resultado das eleições:

“A democracia é assim. O resultado de uma eleição não pode superar o dever de responsabilidade que temos com o Brasil. Vamos trabalhar pela união dos que querem o bem do País. Estarei sempre do lado do que é certo! Estarei na oposição em 2023, respeitando a vontade dos paranaenses”, escreveu o senador.

“Não vislumbramos nenhum risco real de contestação. O resultado foi proclamado e será aceito. O ex-presidente Lula e Alckmin serão diplomados em 19 de dezembro”

Alexandre de Moraes, presidente do TSE