Correio Braziliense, n. 21806, 29/10/2022. Política, p. 5

Apoio a mais 2 anos de Lira

Taísa Medeiros


O PT e o PSB, partidos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, anunciam formalmente, hoje, o apoio à reeleição do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Dessa forma, o deputado praticamente assegura a recondução ao comando da Casa, para mais dois anos de comando, com quase três meses de antecedência.

“Na semana passada, conversei com todas as forças da minha bancada, por meio da nossa coordenação. Todas vão indicar, para debate no plenário da federação, apoio à reeleição do presidente Arthur Lira”, disse o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG). Ao todo, 11 partidos fecharam com o atual presidente da Casa: Podemos, PDT, PSC, PTB, Patriota, PV, Solidariedade e Pros, além de União Brasil, PP e Republicanos.

Sem risco

A eleição da nova mesa diretora ocorrerá em fevereiro de 2023. Lira já tem a sinalização de partidos de 400 dos 513 deputados federais. Com a chegada de PT, PSB e, por extensão, PCdoB e PV — que formam uma federação —, o cacique do Centrão recebe o respaldo de mais 94 deputados.

Lira, que ainda se apresenta como integrante da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi um dos primeiros políticos de peso a parabenizar Lula pela vitória na corrida pelo Palácio do Planalto. Sem conseguir uma base forte, o presidente eleito e o PT optaram por compor com Lira. A ideia é evitar a repetição do erro de 2015, quando o governo de Dilma Rousseff lançou o então deputado Arlindo Chinaglia para concorrer com Eduardo Cunha. No mesmo ano em que venceu o petista, o presidente eleito da Câmara abriu o processo de impeachment contra a presidente.

Até entre rivais declarados de Lira no Congresso há o reconhecimento de que a reeleição está praticamente sacramentada. “A composição política já está feita. Primeiro, faz a maioria, o novo governo constrói a maioria; depois elege os presidentes das Casa, depois vota a pauta mínima ou máxima. Nós não fizemos as duas etapas, agora é fazer a terceira, mas fazer com a participação dos presidentes das Casas”, afirmou o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que por questões paroquiais — é adversário de Lira na política alagoana — criticou as negociações pela reeleição do atual presidente da Câmara. Com esse movimento, as farpas trocadas por Lula e Lira no período eleitoral ficam no passado.

Apesar de PT e PSB terem decidido fazer um anúncio conjunto, não há garantia que as duas legendas comporão o mesmo bloco partidário na Câmara. Para negociar presidências de comissões e espaço na Mesa Diretora, o PSB planeja construir um bloco com PSDB, Cidadania e PDT. Já o PT tem negociação aberta com o União Brasil.

A avaliação da bancada pessebista é de que entrar em um bloco junto com partidos grandes, como o PT, a deixaria com menor poder de barganha na divisão dos cargos na Mesa. A ideia é construir uma aliança com partidos menores, onde a correlação de forças é similar, para, juntos, apresentarem candidatos de consenso para os postos que tomarão as decisões institucionais da Câmara. (Com Agência Estado)