Título: CPI quebra sigilos
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2005, Pais, p. A2

Contas de 14 fundos de pensão e do IRB serão investigadas

BRASÍLIA - A CPI dos Correios aprovou ontem a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão - a maioria patrocinada por empresas estatais, com a suspeita de que tenham alimentado o Caixa dois do PT. O PSDB não ficou de fora da mira da comissão, que vai investigar ex-diretores do IRB - Brasil Resseguros pelo prejuízo de US$ 5,4 milhões em 2002 (equivalentes a R$ 21 milhões na época. Os deputados acreditam que recursos do instituto ressegurador tenham financiado campanhas eleitorais naquele ano. A CPI dos Correios ouviu ontem Marcus Flora, ex-secretário executivo do Secretário de Comunicação do Governo, Luiz Gushiken. Também depôs o ex-presidente dos Correios no governo tucano, Egydio Bianchi, que defendeu sua gestão.

Outras 38 corretoras de valores e 21 pessoas físicas, que mantiveram relacionamento comercial com os fundos de pensão serão investigados.

Os fundos de pensão são Previ (Banco do Brasil); Petros (Petrobras); Funcef (Caixa Econômica Federal); Postalis (Correios); Eletros (Eletrobras); Real Grandeza (Furnas); Centrus (Banco Central); Geap (servidores públicos federais); Portus (Companhia Docas); Sistel (telefonia - antiga Telebrás); Refer (ferroviários); Núcleos (Eletronuclear); Serpros (serviço federal de processamento de dados) e Prece (Cedae).

Algumas instituições já tiveram parte de seus sigilos bancários quebrados porque tinham movimentações nos bancos Rural e BMG.

No IRB-Brasil Resseguros, o foco das investigações serão os ex-diretores, inclusive o ex-presidente Lídio Duarte, que era indicado do deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ).

Empresas que mantiveram negócios com o instituto de resseguros serão incluídas na investigação como a Interbrazil Seguradora, Assurê, Alexandre Forbes, Cooper Gay, Companhia de Seguros Confiança da Bahia e a Companhia Fiação e Tecidos Guaratinguetá.

O deputado Carlos Willian (PMDB-MG), sub-relator do processo do IRB, afirmou que os prejuízos do instituto chegaram a US$ 5 milhões no último ano da gestão de Fernando Henrique Cardoso. O prejuízo chama atenção porque o IRB tem o monopólio do mercado de resseguros no Brasil. Para ele, os recursos podem ter sido usados para o financiamento de campanhas eleitorais.

- Esse prejuízo provavelmente gerou lucro a terceiros, podendo ser a fonte dos recursos para caixa dois de campanhas eleitorais ou de enriquecimento ilícito de particulares - disse Willian.

Os deputados da CPI aprovaram, ainda, a convocação de 15 novos depoentes. A mais importante é a ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cicco, ligada ao dono do Grupo Oportunity, Daniel Dantas. Ela terá que explicar contratos de R$ 50 milhões da companhia com as empresas de Marcos Valério, apontado como o distribuidor do mensalão.