Título: Garotinho iguala o PT ao PSDB
Autor: Juliana Rocha
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2005, País, p. A3

Em mais um ato de campanha dentro no PMDB, o pré-candidato à presidência pelo partido, Anthony Garotinho, lançou ataques sobre o PT e o PSDB, seus principais adversários na disputa. Ele afirmou que ambos os partidos são corruptos e compraram votos de deputados. Garotinho disse, ainda, que nas eleições de 2006, os dois partidos virão com as mesmas propostas no programa de governo.

- O PT e o PSDB são costelas do mesmo corpo. Um à direita e outro à esquerda. Eles são iguais, não só na política econômica, mas também na compra de votos de deputados e na corrupção - acusou Garotinho.

Ele comparou as denúncias do suposto esquema do mensalão envolvendo o PT com a acusação de que o PSDB comprou votos de parlamentares para que aprovassem o projeto de lei que permitia a reeleição do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele disse, ainda, que assim como o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, admitiu que fez caixa 2 na campanha de 2002, o presidente do PSDB, senador Eduardo Azeredo, confessou caixa 2 em sua campanha.

Garotinho defendeu que o presidente que assumir em 2006 deve submeter a Constituição Federal a revisão no primeiro semestre, ainda no primeiro ano de mandato. Ele argumentou que a Constituição deve ter texto mais enxuto e possuir leis complementares, de competência dos estados. Segundo o ex-governador, parte da corrupção do país deve-se às limitações da Carta.

O presidente do PMDB, Michel Temer, presente no ato de apoio a Garotinho, ponderou que as denúncias de corrupção contra o PSDB ainda precisam ser apuradas, mas concordou que petistas e tucanos adotaram a mesma política econômica.

O ato promovido por Garotinho ontem, no Rio, foi mais uma ação para tentar ganhar força e a legenda do partido para concorrer à Presidência da República. As prévias do partido serão em 5 de março do próximo ano. Estava presente até outro possível pré-candidato, o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto. Também compareceram os governadores do Distrito Federal, Joaquim Roriz, do Paraná, Roberto Requião e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia.

O governadores e o presidente do PMDB ressaltaram em seus discursos que o PMDB deve ter candidato próprio e o programa de governo deve ser elaborado como alternativa à proposta do PT e do PSDB, que eles concordam ser a mesma. Todos eles evitaram, porém, demonstrar alguma predileção pelo nome de Garotinho. A moderação deve-se a existência da corrente que defende que o partido deveria entrar na chapa de outro candidato. Uma possibilidade seria lançar candidato a vice-presidente de Lula.

Além do ato de apoio político realizado no Clube Monte Líbano, na Lagoa, foi feita reunião com a Executiva do partido para colher sugestões para o programa de Governo, que está sendo elaborado pelo professor Carlos Lessa, ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Lessa foi demitido do cargo pelo presidente Lula por mostrar divergências com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, e nutrir idéias consideradas nacionalistas.