Correio Braziliense, n. 21807, 30/11/2022. Política, p. 4 
 
Gilson Dipp, jurista, 78 anos

Luana Patriolino 
 
 
O ministro aposentado do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Gilson Dipp morreu, ontem, aos 78 anos, em Brasília. O jurista é reconhecido pelo pares como um defensor intransigente das causas relacionadas aos direitos humanos e dedicou boa parte da trajetória a elas. 

Na sessão de ontem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra Rosa Weber, presidente do colegiado e do Supremo Tribunal Federal (STF), manifestou a profunda tristeza pela perda do amigo. “Dipp foi um dos expoentes na memória dos que tiveram o prazer de conhecê-lo pessoalmente. A grandeza de trato foi uma marca indelével, e eu fui uma das pessoas que tive esse privilégio”, disse a ministra. 

Emocionada, a presidente do STF destacou a trajetória de Dipp. “Foi aqui, nesta casa de gestão e aggiornamento (atualização) do imenso aparato jurisdicional brasileiro, que o tirocínio político de Dipp encontrou espaço para mobilizar inteligências e atitudes em direção a um Judiciário consentâneo com os reclamos de celeridade, estabilidade decisional, integridade moral e bom uso dos recursos públicos. As instituições são impessoais, mas são as pessoas que fazem as instituições”, salientou. 

Por meio de nota, o atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes, lamentou a morte de Dipp, que também esteve à frente do TSE. “Em nome da Justiça Eleitoral, expresso a mais profunda manifestação de pesar e solidariedade aos familiares e amigos do grande magistrado, que tanto honrou a Justiça Brasileira”, observou. 

Nas redes sociais, o decano do STF, ministro Gilmar Mendes, homenageou o jurista. “Registro meu pesar pelo falecimento do ministro Gilson Dipp, grande magistrado, professor e advogado. Dipp colecionou inúmeras conquistas em sua longa e exemplar trajetória, a exemplo da sua atuação como um dos maiores corregedores do CNJ”, lembrou. 

O penalista nasceu em 1º de outubro de 1944, em Passo Fundo (RS), e se formou em ciências jurídicas e sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Antes de atuar no STJ, era juiz do Tribunal Regional Federal da 4ª Região. 

Além de ministro aposentado do Superior Tribunal — foi nomeado para a Corte pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso —, Dipp foi professor de direito civil da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Idealizou, ainda, as varas especializadas em crimes de corrupção. 

Comissão da Verdade 

O jurista integrou, também, a Comissão da Verdade, criado para investigar os crimes contra os direitos humanos cometidos por agentes do Estado no período pós-Estado Novo até o final da ditadura militar. Dipp se aposentou no STJ — do qual foi vice-presidente — em 2014, depois de 16 anos na Corte. 

O senador eleito Flávio Dino (PSB-MA) lembrou a convivência com o magistrado. “Minhas homenagens à memória do ministro Gilson Dipp, do STJ, que hoje partiu para o reino. Um grande amigo que tive na magistratura, onde ele atuou com seriedade e verdadeiro compromisso patriótico”, afirmou. 

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), destacou a trajetória do jurista. “Dipp era advogado, foi professor de direito e obteve uma respeitada carreira na magistratura, ocupando cargos fundamentais no Judiciário”, tuitou. 

A ex-presidente Dilma Rousseff também lembrou de Dipp. “Foi um juiz com formação humanista, um valoroso defensor dos direitos humanos e da Justiça. O Brasil e o Rio Grande do Sul perdem um dos seus grandes filhos, absolutamente comprometido com a democracia”, destacou.