Correio Braziliense, n. 21808, 01/12/2022. Política, p. 2 
 
Tempo para aprovar reforma tributária
  
  
  
O nome mais cotado para assumir o Ministério da Fazenda, a ser recriado a partir da divisão do atual Ministério da Economia em três (os outros são Planejamento e Indústria, Comércio e Serviços), é o do ex-ministro Fernando Haddad, que passou a tarde, ontem, reunido em Brasília com o grupo de Economia do governo de transição.  

Antes de embarcar para São Paulo, no início da noite, Haddad reafirmou que a prioridade do governo eleito é aprovar a PEC da Transição antes de apresentar qualquer proposta sobre um novo marco fiscal, que ele prefere chamar de “arcabouço”. Essa nova âncora de responsabilidade fiscal, que substituirá a regra do teto de gastos e a regra de ouro, será apresentada na sequência da reforma tributária, sobre a qual já há dois projetos em tramitação, um na Câmara e outro no Senado.   

“O arcabouço fiscal, como chamamos, não está sendo desenhado agora. É muito pouco tempo de tramitação da PEC para fazer uma substituição (da âncora fiscal). A PEC é para ganhar, justamente, o tempo necessário para fazer a reforma tributária e encaminhar o novo arcabouço fiscal”, frisou.   

Já o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com os deputados Adolfo Viana (PSDB-BA) e Alex Manente (Cidadania-SP). Os dois representam a federação PSDB/Cidadania, que anunciou posição de independência em relação ao novo governo. Mas ambos afiançaram o apoio à PEC da Transição, desde que sejam alterados pontos de divergência, principalmente o prazo de quatro anos para vigência da exclusão dos recursos do Bolsa Família do teto de gastos. A federação defende que essa licença seja válida apenas para o ano que vem.   

“Nós temos a missão de rever o teto de gastos e a regra de ouro, porque não podemos sempre ficar no penduricalho para ter condições de dar Auxílio (Brasil/Bolsa Família). Ou nós antecipamos essa revisão prevista para daqui a cinco anos ou vamos sempre ter de fazer algo que é exceção para aquilo que é obrigação”, disse Manente. Ele garantiu, porém, que as duas legendas apoiarão a PEC. (VD)