Correio Braziliense, n. 21812, 05/11/2022. Política, p. 3

Saúde: “Prioridade sem orçamento” 

Rafaela Gonçalves


O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) se reuniu ontem com 10 médicos que integram o gabinete de transição da Saúde, nomeado pelo futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para discutir o Orçamento para a pasta no próximo ano. “Nós precisamos em torno de R$ 20 a 22 bilhões a mais do que está previsto. Por exemplo, quase não tem recurso para a Farmácia Popular, quem tem doença crônica precisa tomar remédio, então você precisa suprir”, disse em entrevista coletiva no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.

No embalo dos bloqueios de gastos do Orçamento Geral da União de 2022, o governo de Jair Bolsonaro (PL) previu o corte de mais R$ 3,943 bilhões do Ministério da Saúde neste ano para o orçamento do ano que vem. Uma das tesouradas mais expressivas previstas no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2023, enviado ao Congresso, é o corte de 59% do Farmácia Popular, com orçamento passando de R$ 2,4 bilhões para R$ 1 bilhão, o que inviabilizaria o funcionamento do programa.

Alckmin informou que o novo governo avalia medidas para zerar filas no SUS, que podem incluir até mesmo a contratação da iniciativa privada. “Há um compromisso do presidente Lula de zerar a fila que se formou durante a pandemia. Corretamente, se priorizou a covid. Então, você acabou tendo filas. A ideia é fazer um multirão e, inclusive, se precisar, contratar a iniciativa privada, para poder zerar a fila de especialidades, exames e cirurgias”, afirmou.

O vice-presidente também disse que o novo governo deve realizar uma campanha de conscientização sobre a vacinação logo no início do mandato. “O governo vai lançar, logo no começo de janeiro, uma grande campanha de conscientização sobre a importância da vacinação”, disse o coordenador do grupo de transição, que lembrou que apenas 12% das crianças de 6 meses a 3 anos foram imunizadas contra a covid. (Leia mais sobre a crise da vacinação na página 6)

“Prioridade sem orçamento é discurso, prioridade precisa ter recurso”, enfatizou Alckmin. O grupo da saúde é comandado pelo cardiologista Roberto Kalil, médico de Lula, que não integra formalmente a equipe do gabinete de transição, mas apoia a definição de prioridades para a área. Na comissão de especialistas que participou da reunião de ontem estão os médicos Drauzio Varella; Roberto Kalil Filho; Giovanni Guido Cerri; Miguel Srougi; Carlos Roberto Ribeiro de Carvalho; Fábio Biscegli Jatene; Claudio Lottenberg; José Medina Pestana; Linamara Rizzo Battistella e Milton Arruda.

Minas e energia

De hoje até quarta-feira, o subgrupo de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Gabinete de Transição (GT) de Minas e Energia, coordenado pelo senador Jean Paul Prates (PT-RN), cumpre agenda no Rio de Janeiro. Está prevista uma visita à sede da Petrobras para a troca de informações com o presidente da estatal. Estarão presentes o coordenador do GT de minas e energia, Maurício Tolmasquim; Rodrigo Leão, Deyvid Bacelar e Magda Chambriard, membros do subgrupo.

Ainda na terça, na parte da tarde, o GT terá reuniões com diretores e representantes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis; da Companhia Pré-Sal Petróleo (PPSA) e da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Já na quarta, se reunirão com entidades e associações do setor. No retorno à capital federal, na quinta-feira, está prevista a realização de uma entrevista coletiva para anunciar o que foi discutido durante as reuniões.

Posse

A futura primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, anunciou a participação de mais quatro artistas para as apresentações do Festival do Futuro, evento que sucederá a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no dia 1º de janeiro. Entre os nomes confirmados estão Paulinho da Viola, Margareth Menezes e os cantores gospel Kleber Lucas e Leonardo Gonçalves.

Coordenadora do grupo responsável pela organização da posse presidencial, Janja afirmou ainda, numa publicação nas redes sociais, que o evento será transmitido ao vivo pelo humorista Paulo Vieira e pela apresentadora Titi Müller. O festival contará com mais de 20 artistas, que se revezarão em dois palcos, chamados Gal Costa e Elza Soares, em homenagem às duas cantoras que morreram neste ano.

O evento está previsto para começar às 18h30, logo após a posse no Planalto e no Congresso Nacional. A transição ainda negocia com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para garantir espaços de acampamento para militantes dos outros estados que venham acompanhar a posse. O Parque da Cidade Sarah Kubitschek e o Parque da Granja do Torto são os locais cogitados.

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