Correio Braziliense, n. 21813, 06/12/2022. Política, p. 3

Haiti entra na pauta



O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, falaram sobre a situação do Haiti e a proposta americana de uma missão internacional no país. Os EUA tentam costurar com aliados uma potencial missão ao país caribenho e precisam de uma nação que tome a frente da proposta. O Brasil costuma ser lembrado pelos americanos por ter liderado o braço militar da missão que ficou 13 anos no Haiti.

 Segundo o ex-chanceler Celso Amorim, a proposta sobre a missão no Haiti foi mencionada por Sullivan, sem que o americano sugerisse a participação do Brasil na empreitada. “O tema do Haiti foi mencionado, o próprio presidente Lula lembrou o empenho que o Brasil teve no passado na questão do Haiti, enfrentando, às vezes, até oposição interna, e a preocupação que ele tem porque a situação hoje é muito pior”, relatou.  

A proposta americana foi levada a público pelos americanos durante uma reunião do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Os EUA tentam costurar com aliados a potencial missão, que seria endossada pelo órgão sob o Capítulo 7 da carta da ONU, que trata de “ações relativas aos tratados de paz, rupturas da paz e atos de agressão”.

EUA e México disseram que iriam apresentar dentro do Conselho de Segurança uma proposta de resolução para autorizar uma força internacional de paz no Haiti. A resolução não chegou a ser apresentada, em parte porque nenhum país se mostrou disposto a assumir a liderança do processo. O possível estabelecimento de uma relação mais próxima entre EUA e o Brasil, com a eleição de Lula, alimentou os rumores de que o país poderia ficar com esse papel.