Valor Econômico, v.20, n. 4863, 29/10/2019. Brasil p.A2

 

Mourão nega omissão e promete reforço militar

Matheus Schuch


De acordo com presidente interino, máximo que governo pode fazer neste momento é “ter gente capacitada para recolher” material

O presidente da República em exercício, o vice Hamilton Mourão, negou que tenha havido omissão do governo federal no caso do derramamento de óleo no litoral do país. Depois de afirmar que “o máximo” que o governo pode fazer neste momento é “ter gente capacitada para recolher” o material, ele anunciou o envio de reforço militar para a limpeza das praias do Nordeste.

“A gente está fazendo o trabalho e não está tendo visibilidade. Então, vamos botar mais visibilidade nisso aí", argumentou Mourão, apontando ainda dificuldades de evitar o avanço do produto no mar.

Nas Forças Armadas, o trabalho tem sido liderado pela Marinha. As operações também contam com servidores de outros órgãos federais, estaduais e municipais. Nos últimos dias, autoridades da região Nordeste cobraram mais apoio da União.

Os militares destacados agora para a atividade fazem parte da 10ª Brigada de Infantaria Motorizada, sediada no Recife. O governo federal também prometeu enviar equipamentos para auxiliar as operações.

“As próprias medidas de contenção são complicadas. O máximo que a gente pode fazer hoje é ter gente capacitada para recolher este óleo que chega nas praias. É isso que estamos fazendo”, afirmou Mourão. “Não há previsibilidade porque não se consegue detectar a mancha. Pode vir a Nasa, quem quiser, que não consegue detectar isso aí.”

As manchas de óleo começaram a ser notadas no fim de agosto. Desde então, chegaram à orla dos nove Estados do Nordeste. Os últimos dias foram marcados por mutirões de servidores públicos e voluntários para limpeza das praias.

Ontem, Mourão deixou seu gabinete e foi até um centro de controle no Ministério da Defesa. Questionado, ele rebateu a afirmação do Ministério Público Federal de que o governo foi omisso no caso. Reconheceu, porém, que houve falha de comunicação. “A juíza já analisou, mostrou que o governo desde o dia 2 de setembro acionou os protocolos correspondentes. Apenas mais uma vez nos faltou comunicar mais isso aí", disse, referindo-se à decisão da juíza federal de Sergipe Telma Maria Santos Machado, assinada anteontem.

Em nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou ter demonstrado à juíza que o governo adotou as “providências cabíveis”. Segundo a AGU, a Justiça intimou o MPF a especificar, no prazo de 15 dias, quais outras medidas poderiam ser tomadas. (Colaborou Rafael Bitencourt)