Valor Econômico, v. 20, n. 4967, 25/03/2020. Brasil, p. A8

Bancos regionais abrem R$ 13,8 bi em linhas de crédito para enfrentar crise
Rodrigo Carro


Instituições de fomento da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) disponibilizaram R$ 13,8 bilhões em linhas de financiamento para tentar minimizar os efeitos do avanço do novo coronavírus entre as empresas, principalmente as pequenas e médias. Só o Banco

Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), criado pelos Estados do Paraná, do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, aprovou no sábado passado a oferta de R$ 1,3 bilhão em novas linhas de crédito para fazer frente à desaceleração econômica.

Já o Banco de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Minas Gerais

Já o Banco de Desenvolvimento de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) colocou à disposição de empresas do setor de saúde na semana passada três linhas de financiamento um total de R$ 500 milhões para capital de giro e investimento.

“Os bancos de fomento regionais são os bancos de ‘última milha’, aqueles que estão mais próximos do cliente final. Têm muita capilaridade e velocidade no repasse dos recursos ao tomador final”, diz Sérgio Gusmão, vice-presidente da ABDE. Também presidente do BDMG, Gusmão informa que a meta de desembolsos do banco para este ano é de R$ 2 bilhões.

Os recursos dos bancos e agências de desenvolvimento regionais se somam a outros R$ 155 bilhões em recursos já anunciados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil. “Esta é a hora de emitir moeda e gastar”, afirma o economista

Mauro Osorio, pesquisador e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “O governo não estará gerando dívida e vai impedir uma queda maior na atividade econômica.”

No Espírito Santo, o banco capixaba de fomento criou uma linha emergencial em conjunto com o Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo), que teve quatro operações aprovadas apenas na última segunda-feira, com valores entre R$ 50 mil e R$ 2 milhões.

Ainda na segunda-feira chegaram à instituição mais dez novos pedidos de empréstimo, conta o presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), Maurício Duque. “Estamos conversando muito nos últimos dias com empresários dos ramos de entretenimento, alimentação e vestuário”, afirma.

Presidente do Banco do Nordeste (BNB), Romildo Rolim diz que a instituição resolveu reforçar um de seus principais programas de microcrédito como forma de tentar minimizar os efeitos da covid-19 entre os micro e pequenos empreendedores. A projeção de desembolsos do programa Crediamigo para este ano é de R$ 13 bilhões, incremento de 22,6% em relação a 2019. Nesse cenário de expansão do programa, o número de beneficiados subiria de 2,4 milhões para 3 milhões. Os empréstimos tomados por meio do Crediamigo ficam na faixa entre R$ 500 a R$ 21 mil.

O suporte aos pequenos negócios também é parte da estratégia do BRDE. Do R$ 1,3 bilhão em dinheiro novo disponibilizado, cerca de R$ 300 milhões são parte de um programa emergencial de capital de giro destinado a micro, pequenas e médias empresas, adianta Luiz Noronha, vice-presidente e diretor de planejamento e financeiro da instituição de fomento.