Título: Furlan elogia Rodrigues
Autor: Kelly Oliveira e Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2005, Economia & ´Negócios, p. A19

Ministro da Agricultura evita culpar Fazenda e negocia indenização a pecuaristas

BRASÍLIA - Com ¿processos entupidos¿ ou não, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, evitou ontem culpar a equipe econômica pelo surgimento da febre aftosa no Mato Grosso do Sul. Após reunião do grupo emergencial de prevenção da gripe aviária, Rodrigues limitou-se a dizer que a área econômica está ¿sensível¿ às necessidades do setor e que a questão financeira está sendo tratada adequadamente. O ministro voltou a afirmar que está negociando com a Fazenda a liberação dos R$ 78 milhões previstos no Orçamento deste ano para a Defesa Sanitária, porém contigenciados. Esse valor será distribuído em programas de controle da febre aftosa e prevenção da gripe aviária.

Segundo Rodrigues, ainda não foi publicada a medida provisória que prevê indenização para produtores do Mato Grosso do Sul que abaterem bois para prevenir novos surtos da febre aftosa porque o governo está aguardando a confirmação de um novo foco no Paraná. De acordo com o ministro, a idéia é publicar uma única medida para os dois estados. Os recursos disponíveis para as indenizações dos produtores do Mato Grosso do Sul são de R$ 16 milhões.

O ministro da Agricultura também anunciou ontem a liberação de R$ 300 milhões de recursos para programas de comercialização do algodão, trigo, arroz e farinha de mandioca. Esses recursos são provenientes das Operações Oficiais de Crédito, com previsão orçamentária de R$ 1 bilhão para este ano, sendo que em junho foram liberados R$ 400 milhões. A previsão do ministro é que até o final do ano seja liberado o restante do previsto para 2005.

Rodrigues participou ainda ontem do lançamento do Fórum de Competitividade da Indústria de Carnes, criado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Na ocasião, o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, aproveitou para elogiar o trabalho ¿extraordinário¿ de Rodrigues e o apoio dado por empresários a ele.

¿ (O ministro Rodrigues) está se mobilizando com a sua equipe para articular medidas emergenciais que visem solucionar os problemas que estão aí. Ele tem todo nosso apoio, pois sabemos que boa parte do sucesso das exportações brasileiras veio do agronegócio e da atuação dele ¿ defendeu Furlan.

A cerimônia contou ainda com acaloradas manifestações de apoio de empresários e representantes da bancada ruralista ao ministro da Agricultura.

O primeiro a se manifestar a favor de Rodrigues foi o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), presidente da Comissão de Agricultura da Câmara. Depois de pedir ao governo federal uma parceira entre o Brasil e os países vizinhos para o combate e controle da febre aftosa, o deputado disse:

¿ Não podemos impor ao ministro Rodrigues a tarja de que foi ele que colheu a menor safra e viu a aftosa voltar.

Antes da defesa, Caiado fez uma longa lista de queixas e ressaltou que o setor agrícola vive sua pior crise, já que neste ano foram R$ 17 bilhões de perdas por conta da seca e da desvalorização do dólar. Na seqüência, também defendendo Rodrigues, o presidente da União Brasileira de Avicultura (Uba), Zoé Silveira d'Avila, ressaltou que o país precisa acordar para a importância do Ministério da Agricultura.

¿ O Brasil pode alimentar o mundo, mas não consegue colocar isso na cabeça do Planejamento e do Palocci ¿ disse, referindo-se aos ministros Paulo Bernardo e Antonio Palocci.

O presidente do Fórum Permanente da Pecuária de Corte da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Antenor Nogueira, também não perdeu a oportunidade:

¿ É importante que a gente dê a mão ao nosso ministro Rodrigues. É inaceitável que ele fique com o chapéu na mão, pedindo pelo amor de Deus a liberação de dinheiro.

Na saída do evento, Furlan afirmou que os embargos à carne brasileira não irão afetar as exportações no curto prazo.

¿ Há soluções técnicas que podem ser aplicadas e com isso evitar bloqueio permanente. Ao mesmo tempo, o país também é exportador de carne cozida e outros produtos ¿ disse Furlan.

Ontem, o Estado de São Paulo anunciou a antecipação da vacinação do rebanho para evitar a contaminação dos estados vizinhos.