Título: Souza Aguiar transfere 200 pacientes para evitar colapso
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2005, Rio, p. A17

Para evitar um colapso no atendimento do Hospital Municipal Souza Aguiar, os profissionais de saúde decidiram ontem suspender as internações eletivas (não-emergenciais) e transferir os pacientes internados que não correm risco de morrer. A estimativa dos médicos é de que 200 pessoas serão remanejadas gradativamente para outros unidades. Por dia, cerca de 25 cirurgias e internações eletivas também deixarão de ser feitas. Integrantes da comissão de ética médica farão, a partir de hoje, uma triagem dos pacientes trazidos pelas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). O objetivo é reduzir o número de atendimentos e redirecionar os casos mais simples para outras unidades da rede de saúde municipal. O Souza Aguiar tem capacidade para 500 leitos, mas mantém quase 600 pessoas internadas.

- A situação é tão grave que, se a crise continuar desse jeito, o número de óbitos nas emergências do Rio vai aumentar significativamente - alerta Jorge Darze, presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Rio de Janeiro.

A crise no Souza Aguiar já ultrapassou os limites da unidade e chegou à Justiça. O vereador Carlos Eduardo (PPS), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara de Vereadores, revelou que entrará com pedido, hoje, no Tribunal de Justiça para aumentar o valor da multa diária que a prefeitura será obrigada a pagar, caso não chame os 2.059 concursados. Segundo ele, desde ontem uma liminar expedida pelo desembargador José Pimentel Marques, da 15ª Câmara Cível, prevê R$ 1 mil de multa diária caso o governo municipal descumpra a determinação.

- O pedido sugere R$ 10 mil por dia de punição, caso a prefeitura não cumpra a ordem judicial - conta o vereador.

Carlos Eduardo explica que o concurso, realizado em 2003, foi homologado em 12 de janeiro deste ano. De acordo com a lei, a prefeitura teria seis meses para convocar os concursados. Segundo o vereador, a carência de pessoal é flagrante no Souza Aguiar e em outras unidades municipais. Na sexta-feira, uma vistoria constatou o desabastecimento da farmácia e a falta de 91 tipos de remédios.

- O prefeito tem sorte, já que os profissionais de saúde têm um comportamento exemplar, caso contrário estaríamos vivendo uma crise sem precedentes - diz Carlos Eduardo.

Segundo Jorge Darze, os pacientes e profissionais do Hospital Paulino Werneck, na Ilha do Governador, convivem com um drama parecido com o do Souza Aguiar.

- O laboratório está desativado. Um exame de sangue, que levaria uma hora para ficar pronto, demora seis horas, já que tem que ser feito em um laboratório particular - denuncia Darze.