Título: Doença do protecionismo
Autor: Dimalice Nunes
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2005, Economia & Negócios, p. A19

Tratores, máquinas e até a soja brasileira são as novas vítimas da aftosa. Pelo menos para o governo da Indonésia, que decidiu ampliar a barreira à carne nacional aos demais produtos do Brasil. Ontem, o país asiático informou que cortaria as compras de produtos processados de animais e seus derivados, sem especificação de espécies, além de farelo de soja e matérias-primas, equipamentos, maquinários e medicamentos, o que irritou o governo brasileiro. - É uma precaução exagerada e descabida. Da vez passada, quando a Rússia proibiu a carne brasileira a Indonésia também embargou a soja do país - lembra o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues.

O governo brasileiro já informou que vai questionar a decisão da Indonésia na Organização Mundial do Comércio (OMC).

- Vamos responder à Indonésia e questionar a decisão do ponto de vista do acordo de medidas sanitárias e fitossanitárias da OMC - disse Odilson Ribeiro, chefe do Departamento de Assuntos Sanitários e Fitossanitários da Secretaria de Relações Internacionais da Agricultura.

A Indonésia importou US$ 100 milhões de farelo de soja no ano passado. As exportações do complexo soja, que inclui ainda óleo e derivados, totalizaram US$ 10 bilhões no período.

Além da Indonésia, também a Suíça comunicou restrições comerciais ao Brasil devido à ocorrência da febre aftosa. Desta forma, sobe para 43 o número de países que anunciaram algum tipo de embargo a produtos brasileiros desde a confirmação do primeiro foco da doença, em Eldorado (MS).

A Suíça suspendeu as importações de artiodáctilos vivos - gênero que possui mais de 200 espécies entre as quais boi, cabra, porco e até hipopótamo - e seus produtos, carne e produtos à base de carne, miúdos naturais e alguns subprodutos animais. A medida vale para os Estados do Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo. Já no caso da Indonésia, o embargo vale para todo o país.

Os demais países que impuseram algum tipo de restrição à carne brasileira foram África do Sul, Argentina, Bolívia, Chile, Cingapura, Cuba, Egito, Israel, Moçambique, Namíbia, Noruega, Paraguai, Peru, Rússia, Ucrânia, União Européia e Uruguai. Principal importador de carne bovina brasileira, a União Européia - formada por 25 países - proibiu a entrada do produto procedente dos estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo.

Com agências