Título: Juros elevam dívida interna a R$ 933 bi
Autor: Silmara Cossolino
Fonte: Jornal do Brasil, 25/10/2005, Economia & Negócios, p. A20

O estoque da dívida pública mobiliária federal interna cresceu 1,3% em setembro na comparação com agosto, chegando a R$ 933,2 bilhões. De acordo o Tesouro Nacional e do Banco Central, o crescimento ocorreu por conta do pagamento de juros, de R$ 10 bilhões, e da emissão líquida de títulos no valor de R$ 2 bilhões no período.

A participação dos títulos públicos atrelados à variação da taxa básica de juros - as Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) - recuou de 55,85% em agosto para 54,33% em setembro. O resgate líquido foi de R$ 15,3 bilhões em LFT. Do total, 25,76% são de títulos prefixados, ou seja, as Letras do Tesouro Nacional (LTNs). Em agosto, a variação foi de 23,87%. Já a parcela da dívida atrelada à variação do câmbio recuou de 4,11% para 3,82%, ficando pela primeira vez abaixo dos 4%.

De janeiro a outubro, o resgate de instrumentos cambiais (títulos públicos e contratos de swap) totalizou US$ 15,3 bilhões. Para o chefe-adjunto do Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab) do Banco Central, João Henrique Simão, somente no mês de outubro - até o momento - houve resgate de US$ 154 milhões de títulos cambiais.

- Não vai haver mais resgate até o final do mês. Com isso, os resgates líquidos somam US$ 15,3 bilhões até outubro - diz.

Segundo Simão, um dos destaques do mês ficou por conta das atuações diárias do BC para equilibrar a liquidez de curtíssimo prazo do sistema financeiro. Neste período, o Banco Central injetou recursos através de operações com prazo de um dia e volume financeiro de R$ 8 bilhões. O volume total das operações compromissadas de prazo de três meses e rentabilidade prefixada alcançou R$ 14,8 bilhões. Foi retirado, liquidamente, R$ 1,8 bilhão do sistema sendo que, ao final de setembro, o saldo em mercado dessa operação era de R$ 48,6 bilhões.

- Nas operações do Banco Central, os destaques foram os prefixados com prazo mais longo. Temos tomado recursos com compromissos de três a quatro meses. E no curto prazo, no dia-a-dia, o BC vem doando recursos e tirando liquidez do mercado com prazo maior - explica Simão.

Ainda em setembro, a parcela de títulos públicos federais com vencimento em até 12 meses recuou de 42,7% em agosto para 41% em setembro. O resultado foi devido ao volume de vencimentos neste mês ser superior ao de setembro de 2006.

Já participação de títulos prefixados com vencimento em 12 meses ficou em 60,72%, ante 65,97% do mês anterior. Já os vinculados a Selic tiveram participação de 39,26% (ante 41,24%) e os atrelados à variação cambial, 35,58% (28,39% em agosto).

O prazo médio das emissões reduziu-se de 27,9 meses, em agosto, para 27,5 meses, em setembro. O prazo médio do estoque da dívida, por sua vez, diminuiu de 27,4 meses em agosto para 27,2 meses em setembro.

Quanto ao mercado secundário, o volume financeiro diário de títulos federais alcançou R$ 13,5 bilhões em setembro, com uma média de 1.955 operações, um crescimento de 10,2% em relação a agosto.