Título: Dois pedidos de cassação na Câmara
Autor: Eveline de Assis
Fonte: Jornal do Brasil, 26/10/2005, Brasília, p. D3

O clima ficou tenso ontem à tarde na sessão plenária da Câmara Legislativa, com a possibilidade do encontro entre o deputado distrital José Edmar (Prona) e o também deputado do (PP), o secretário de Relações Institucionais e de Cooperação entre Poderes do DF, Wigberto Ferreira Tartuce, que esteve na Casa para dar entrada no pedido de cassação do deputado José Edmar. O encontro não aconteceu, pois José Edmar só apareceu no plenário após a saída do secretário que, como só poderia usar a tribuna como deputado, e por estar licenciado, pediu a seu suplente, deputado João de Deus, que lesse a sua representação.

Se a Comissão de Ética da Câmara Legislativa acatar todas as representações que foram feitas esta semana, três deputados podem ter seus mandatos cassados: o próprio Wigberto Tartuce (PP), José Edmar (Prona) e Benício Tavares (PMDB).

Na segunda-feira, o deputado José Edmar (Prona) solicitou à Casa que o investigasse e deu entrada, também numa representação contra Wigberto Tartuce. Ontem ele teve mais duas representações feitas contra ele: a do deputado Wigberto Tartuce (PP) e outra da bancada do Partido dos Trabalhadores, que pede a investigação, também, do deputado Wigberto Tartuce.

Ambos serão investigados: um sobre a denúncia de que teria contratado um pistoleiro para executar o outro, e outro teria armado um complô para incriminar o primeiro.

- A gente tem a impressão que está assistindo a um capítulo da novela Bang-Bang - disse a deputada Arlete Sampaio (PT), com relação ao clima na sessão de ontem.

A representação do deputado distrital Wigberto Tartuce, apresenta, entre outros argumentos, as notas taquigráficas da sessão da Câmara Legislativa do dia 4 de julho, quando o deputado José Edmar pediu à Casa segurança pessoal aos deputados Wigberto Tartuce e Eurides Brito, a quem chamou de bandidos.

O secretário Tartuce, que disse estar com medo das ameaças de José Edmar, requer a cassação do mandato do colega deputado pelas denúncias de difamação, ameaça de morte e encomenda da morte do outro deputado mediante a contratação de pistoleiro.

- Ele mesmo declarou isso na própria polícia. Ele está conturbado, precisando rezar para alguém ver o que ele tem. Tem de tirar esse sujeito da Casa - disse Wigberto Tartuce a respeito de José Edmar. O secretário disse, ainda, que não conhece Elizeu, o pistoleiro que confessou à polícia ter sido contratado por José Edmar para matá-lo.

- Se ele tivesse batido à minha porta e eu tivesse aberto, eu estaria na China a uma hora dessas. Não conheço e nunca vi essa pessoa - garantiu.

O presidente da Casa, Fábio Barcellos (PFL), que semana passada foi obrigado a usar a tribuna para defender os policiais civis, acusados pelo deputado José Edmar, disse que prefere não ter envolvimento direto para fazer seu juízo de valor de uma forma mais tranqüila, ele não assumiu a presidência da sessão de ontem, apesar de ter estado no plenário.

A corregedora da Câmara, deputada distrital Eliana Pedrosa (PFL), disse que os denunciados têm dez dias úteis para apresentar suas defesas, depois disso ela terá 15 dias para analisar e proferir um parecer opinativo, que poderá ser acatado ou não pela Comissão de Ética da Casa