Título: Fundos se defendem
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 27/10/2005, País, p. A7

Dirigentes de fundos de pensão reservaram duras críticas à condução das investigações da CPI dos Correios, que determinou a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de 14 entidades, em agosto. O presidente da Petros, que administra os recursos de funcionários da Petrobras, Wagner Pinheiro, classificou os parlamentares de ''despreparados'', no primeiro dia do Congresso anual das entidades, que este ano acontece em Porto Alegre. Entre as entidades que terão as contas devassadas estão a Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, a Petros, dos trabalhadores da Petrobras, e Funcef, dos servidores da Caixa Econômica.

- Os parlamentares estão desviando o foco e trancando a pauta do Congresso com essas discussões. Pediram até quebra do nosso sigilo fiscal, mas para quê, se temos várias isenções fiscais? Para quê saber para quem ligamos? Eles não vão encontrar nada além do que já é disponível em nossos sites - criticou Pinheiro, no primeiro dia do 26º Congresso da Associação Brasileira de Previdência Privada (Abrapp), que reúne 270 entidades, em Porto Alegre (RS).

Para Pinheiro, o pedido de quebra de sigilo se apoiou em conclusões equivocadas.

- Olharam o valor diário de negociação de alguns títulos e compararam com os valores médios divulgados pela Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto. Em casos de compra acima ou venda abaixo da média, colocaram o fundo sob suspeita. Mas nem os maiores gênios do mercado financeiro conseguem cravar os valores. Desconfiar dessas discrepâncias é colocar em xeque todo o sistema bancário - explicou Pinheiro, que também preside o Instituto Cultural de Seguridade Social.

O presidente da Abrapp, Fernando Pimentel, afirma que, além de desviar o foco das investifações, a carga contra os fundos de pensão se deve a ''interesses contrariados''. Segundo ele, não há razão para desconfiar da rentabilidade dos fundos.

- Quando decidimos uma estratégia de investimento, estamos sempre contrariando interesses. Mas não entendo essa imagem de caixa-preta criada em torno dos fundos. Não há setor com mais regras. O que vêem de errado em o trabalhador acumular R$ 300 bilhões em poupança? - defendeu.

O presidente do Sindicato Nacional das Entidades Fechadas de Previdência Privada (Sindapp), Jarbas de Biagi, afirma que o setor está otimista com o desfecho das investigações.

- O setor sairá fortalecido desse processo. O Congresso desperdiça forças com o que não interessa.