Título: PT quer cassação de tucano
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2005, País, p. A4

SÃO PAULO - Na primeira reunião após a eleição interna, a Executiva Nacional do PT decidiu, ontem, defender publicamente a abertura de investigação no Conselho de Ética do Senado sobre o ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo (MG), que admitiu ter usado caixa dois na campanha pelo governo do Estado de Minas Gerais, em 1998. Antes de entrar com qualquer representação pedindo a cassação do senador tucano, o partido quer submeter o assunto à bancada petista na Casa.

Na prática, a nova direção petista manteve sua ofensiva contra a oposição como uma forma de defender-se das denúncias de corrupção, mas deixou em aberto o ataque direto a Azeredo pelo fato de não haver, ainda, consenso entre os senadores sobre a medida.

Integrantes da Executiva ligados à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), chegaram a defender que o partido entrasse direto com a representação no Conselho de Ética contra o ex-presidente tucano. Marta disputa com o senador Aloizio Mercadante (PT-SP) a vaga de candidato ao governo do Estado de São Paulo.

O grupo foi convencido pelos aliados do presidente do PT, Ricardo Berzoini.

- Se houver cassação na Câmara, tem de haver no Senado. Mas vamos discutir a necessidade da representação com os senadores do partido. Não se trata de um revide, mas de uma disputa política. O clima já está acirrado pela ação da oposição - disse Berzoini.

O 3º vice-presidente do PT, Jilmar Tatto, ex-secretário de Marta, disse que o partido não irá aceitar ''a chantagem política do PSDB e do PFL.''

Após a reunião, Berzoini negou que o PT esteja sendo ameaçado pelo seu ex-tesoureiro Delúbio Soares e pelo publicitário Marcos Valério.

Delúbio teria exigido que o partido pagasse seus advogados. Outra especulação é de que Marcos Valério quer receber pelo menos parte da dívida de R$ 55 milhões dos petistas. Eles evitariam fazer novas revelações que agravariam a crise política.

- Se o partido aceitasse esse tipo de chantagem, estaria inviabilizado - afirmou disse Berzoini. (F.P)