Título: Docas reafirma interesse na Varig
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 29/10/2005, Economia & Negócios, p. A19

Em carta ao BNDES, empresa promete aportar recursos para garantir ao menos 20% de VarigLog e VEM

Docas Investimentos confirmou ontem o interesse em participar da Sociedade de Propósito Específico (SPE) que será constituída com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para adquirir o controle de VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção (VEM). A empresa enviou carta ao presidente do BNDES, Guido Mantega, garantindo a intenção de subscrever e integralizar, ''com recursos próprios'', o mínimo de 20% das ações do capital das duas subsidiárias do Grupo Varig.

Agora já são quatro os grupos que confirmaram o interesse de participar da SPE. Os demais são a portuguesa TAP, o fundo americano Matlin Patterson e a companhia aérea Ocean Air, de German Efromovich. Docas é controlada pelo empresário Nelson Tanure, do Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil.

Na carta enviada ao BNDES, Docas condiciona o interesse à aprovação do plano de recuperação apresentado pelos sindicatos à assembléia de credores da Varig. Lista ainda pré-condições para que o aporte seja realizado. A principal delas é que o pagamento das empresas de leasing de aeronaves assegure a permanência na frota da Varig dos aviões ameaçados de arresto, a partir de garantia dada pela própria corte de Nova York.

Na assembléia de credores da última quarta-feira, a necessidade do pagamento de pelo menos US$ 62 milhões aos lessores (credores de contratos em leasing) foi considerado o principal motivo para a criação da SPE e a venda das subsidiárias do Grupo Varig.

''Não faz sentido, em nossa opinião, a utilização desses recursos para pagamento dos referidos lessors se, ato contínuo, os aviões forem retomados'', diz a carta enviada ao banco.

Docas também tenta preservar a integridade do Grupo Varig. Ao contrário do plano emergencial apresentado pelo BNDES, Docas ressalta que a troca de ações da SPE controladora de VarigLog e VEM por papéis da Varig deve ser obrigatória e não uma opção.

O documento ressalta ainda a importância da auditoria (due dilligence) que determinará o valor exato de VarigLog e da VEM, ''no sentido de assegurar não haver risco de sucessão pela SPE da dívida fiscal, previdenciária e, especialmente, trabalhista da Varig''.

Docas pede ainda que o BNDES atenda uma reivindicação dos trabalhadores e financie a participação do corpo de funcionários da Varig na SPE, o que manteria as subsidiárias sob controle nacional.

Na quarta-feira, o economista Paulo Rabello de Castro, ligado ao Trabalhadores do Grupo Varig, disse que as exigências para participar na SPE, inviabilizam a entrada de funcionários no processo.

Ontem, a juíza Márcia Cunha, do Tribunal de Justiça do Rio, acolheu pedido da Varig para que a assembléia de credores que seria realizada na próxima segunda-feira fosse transferida para 7 de novembro, às 9h, na sede da Fundação Ruben Berta. A juíza entendeu que o BNDES precisaria de mais tempo para elaborar o plano de reestruturação da Varig, além de finalizar a formação da SPE que comprará a VarigLog e a VEM.