Título: A calma compulsória do líder
Autor: Sheila Machado e Rozane Monteiro
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Internacional, p. A10

A diplomacia a que, espera-se, George Bush recorrerá em Mar del Plata, na opinião de especialistas de seu país, não será, exatamente, uma opção.

- O presidente vai à América do Sul disposto a tentar esvaziar a Venezuela, cuja economia cresce mais rapidamente até do que a dos Estados Unidos. A popularidade de Hugo Chávez em seu país é muito maior do que a de Bush nos EUA agora. Portanto, não está em posição de fazer qualquer crítica à aquela região, está muito enfraquecido. Não poderá chegar com arrogância. - diz ao JB Deborah James, diretora do instituto Global Exchange, da Califórnia.

O professor de Ciência Política da Universidade do Sul da Califórnia Jerry Munck concorda com Deborah. Acrescenta, ainda, que o presidente americano trará na comitiva um trunfo precioso.

- Sua missão terá um elemento facilitador: a presença do subsecretário de Estado dos EUA para a América Latina, Tom Shannon, que substituiu Roger Noriega. Ao contrário de seu antecessor, Shannou é moderado, diplomático. Noriega era quase como Chávez. - avaliou, por telefone.

Para Scott Desposato, do corpo docente do Departamento de Ciência Política da Universidade da Califórnia, a não ser que Bush seja surpreendido por algum acontecimento que lhe tire do sério, a 4ª Cúpula das Américas não deve influenciar na crise que está enfrentando dentro de casa. Em sua opinião, o povo americano já está ocupado demais com a maior confusão enfrentada por Bush desde que foi eleito pela primeira vez, em 2000. E não deverá prestar atenção no que acontecerá ao Sul do Equador, como é de hábito.

O acontecimento que pode tirá-lo do sério tem nome e sobrenome: Hugo Chávez, que, ''pode aproveitar a oportunidade para fazer barulho, que é seu estilo'', como define a professora Vitoria Murillo, titular da cadeira de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade Columbia, de Nova York.