Título: Que venham as metas de inflação
Autor: Ben Bernanke
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Economia & Negócios, p. A22

Se há algo a se esperar do novo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Ben Bernanke, é que, em algum momento, o ferrenho defensor da política de metas de inflação adote a estratégia já usada em outros países, como União Européia, Inglaterra e Brasil. Na palestra reproduzida pelo Jornal do Brasil, fica explícita a preferência do economista de Princeton pelo modelo, uma vez que a comunicação e o seu poder de influenciar as expectativas futuras de inflação é o grande pilar do sistema de metas.

- O Fed tem uma história importante a ser respeitada, mas devagar Bernanke vai implementar suas mudanças - aposta o ex-diretor do Banco Central brasileiro Ilan Goldfajn, que assistiu no ano passado, no Instituto de Estudos de Política Econômica (a Casa das Garças), à apresentação do escolhido para suceder Alan Greenspan a partir de janeiro.

Para o economista da Gávea Investimentos, a escolha por Bernanke foi acertada, uma vez que ele já tem experiência prática no Fed, como o segundo dentro da instituição.

- Ele conhece a economia do Brasil, já fez um discurso sobre a inflação na América Latina e foi da banca de Arminio Fraga (ex-presidente do BC) em Princeton - lembra Goldfajn.

Na próxima terça-feira, o Federal Open Market Comittee (o Copom dos EUA) decide o futuro da taxa de juros básica da economia americana (a que remunera os federal funds). Será a primeira desde o anúncio do substituto de Greenspan. As previsões do mercado indicam uma elevação de 0,25 ponto percentual, para 4% ao ano, mas há temor de que a alta seja aprofundada, devido ao avanço da inflação.

Para o economista-chefe da RC Consultores, Marcel Pereira, o nome de Bernanke não será nada bom para os mercados emergentes, entre os quais o Brasil.

- Ele tenderá a endurecer mais o jogo, estimulando os juros dos EUA para fortalecer o dólar e conter pressões nos preços - avalia. - Mas só sentiremos propriamente os efeitos da mudança de condução no segundo semestre de 2006