Título: Tese de união em perigo
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Brasília, p. D1

O governador Joaquim Roriz não perde a oportunidade de insistir em que o melhor seria PFL, PSDB e PMDB se unirem para lançar um candidato só. O problema seria decidir quem encabeçaria a chapa. Os candidatos pemedebistas, Tadeu Filippelli e Maurício Corrêa, reiteram sempre que não aceitam a vice. Segundo Corrêa, ex-ministro do STF, se cada partido da base governista lançar candidato próprio, a situação fica mais difícil.

- Se o conjunto dos pré-candidatos tiver o bom senso atinado, vai chegar a uma decisão que é melhor unir as forças - afirma o pemedebista. Mesmo defendendo a candidatura única, Corrêa não sairia como vice de uma chapa em hipótese alguma. Além disso, só se candidataria, com o apoio expresso do governador.

- Sou um pré-candidato que espera o apoio do Roriz - enfatiza Corrêa.

Maurício Corrêa chegou a disputar o governo contra Roriz em 1990, mas depois disso ambos se reaproximaram. Esse vínculo se acentuou durante a tramitação do processo de cassação do governador na Justiça Eleitoral, à época em que Maurício presidia o STF.

Para vice Maria de Lourdes Abadia (PSDB), a candidatura a vice está descartada caso ela assuma o governo no lugar de Roriz em abril. Isso ocorre até por determinação constitucional.

Além disso, uma candidatura única da base governista só seria possível apenas se a verticalização fosse suspensa pela votação de proposta de emenda constitucional que tramita no Congresso. Caso contrário, PSDB, PFL e PMDB teriam de se unir em campanha para a Presidência da República ou não lançarem candidato ao cargo máximo do Executivo federal para firmar aliança no DF e em vários estados. Como essa alternativa está praticamente descartada, já que todas as legendas testam nomes para a campanha presidencial do ano que vem, é perfeitamente possível que os partidos no DF lancem candidatos próprios no primeiro turno e se façam alianças só no segundo.

Se cada partido da base governista sair com candidato próprio, Roriz avisa que só anunciará seu apoio no ano que vem, antes de deixar o governo em abril