Título: Pesquisa é trunfo maior na sucessão do DF e Arruda larga na frente
Autor: Luciana Navarro
Fonte: Jornal do Brasil, 30/10/2005, Brasília, p. D1
Cinco nomes estão colocados e governador tenta formar uma só chapa, o que pode ser inviabilizado pela legislação eleitoral
A disputa política entre os partidos da base governista que pretendem lançar candidato ao governo do Distrito Federal está hoje focada na conquista do apoio do governador Joaquim Roriz (PMDB). A um ano das eleições a corrida pelo aval do governador é o que mais movimenta os candidatos. Aos poucos, porém, as pesquisas começam a mostrar peso crescente. E todas elas colocam em primeiro lugar um candidato, o deputado José Roberto Arruda, que nem pertence ao PMDB de Roriz, mas ao PFL. Na quarta-feira passada, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, almoçou com Roriz para discutir o apoio dele a um dos nomes colocados pelo partido na corrida ao Buriti. São justamente o deputado José Roberto Arruda e o seu maior adversário interno, o senador Paulo Octávio.
¿ Ele foi almoçar com o Roriz porque quer estar informado sobre a posição do governador ¿ explica o deputado federal Osório Adriano (PFL - DF), que diz conhecer muito bem a decisão do governador, evitando anunciar candidato porque isso poderia atrapalhá-lo no fim do seu mandato.
Segundo o cientista político Ricardo Caldas, professor da Universidade de Brasília (UnB), Roriz continua a peça principal do tabuleiro político. Caldas acredita, porém, que a transferência de votos por parte de Roriz é limitada, ainda que os pré-candidatos prefiram não se dar ao luxo de perder esse apoio porque, assim, não precisam fazer campanha contra o governador.
¿ Não se sabe qual a porcentagem de votos que Roriz é capaz de transferir, mas mesmo assim o apoio dele é importante ¿ analisa o professor.
Os candidatos, portanto, estão correndo em busca de um apoio que, embora importante, pode estar longe de decidir a questão. A capacidade de transferir votos, lembra a ex-vice governadora Arlete Sampaio, pode ser muito menor. De acordo com o professor, entre os cinco candidatos que disputam o apoio de Roriz, uma das melhores alternativas para ele seria a vitória da atual vice-governadora Maria de Lourdes Abadia (PSDB). Como ela assume o governo em abril, quando Roriz sai para concorrer ao Senado, só pode concorrer à reeleição ao GDF. Assim, ela não pode passar mais de quatro anos no Buriti, o que garante a Roriz a chance de voltar ao governo de Brasília nas eleições de 2010. Afinal, todos sabem que na entourage do governador seu retorno é comentado abertamente.
¿ Roriz estará resguardado no Senado e não vai se aposentar. Se ele apoiar candidato com luz própria [Paulo Octávio e Arruda, ambos do PFL] corre o risco de não voltar ao Buriti em 2010 porque nenhum dos dois daria garantia de que abriria mão de candidatura à reeleição ao GDF ¿ avalia Caldas. O cientista político vai além. Acredita que a vitória de um dos candidatos do PFL seria pior para os planos do governador que uma vitória da oposição.
¿ Se Arruda ou Paulo Octávio ganhassem, Roriz poderia compor com eles no governo, mas não teria garantia de que não iriam concorrer à reeleição em 2010 ¿ afirma.
Há, porém, um complicador. São justamente Arruda e Paulo Octávio que estão à frente em todas as pesquisas de intenção de voto. Há pesquisas que colocam Arruda na casa dos 30% e Paulo Octávio junto aos 20%. A candidatura de Abadia, apesar de representar o cenário mais favorável, segundo Caldas, poderá estar impedida de receber apoio do governador. Isso ocorre porque a verticalização deve se manter e o PMDB dificilmente se coligará em plano nacional com o PSDB.
Caso Roriz não possa apoiar a vice-governadora, Caldas acredita que a melhor opção seria o ministro Maurício Corrêa, correligionário do governador.
¿ Maurício Corrêa é mais idoso e é mais garantido que siga um acordo de não concorrer à reeleição na disputa de 2010. No caso de Tadeu Filippelli (PMDB), a chance dele cumprir um acordo assim seria de 50% ¿ observa Caldas.
Oposição Apesar de reconhecer que o apoio de Roriz é importante, a esquerda considera mais fácil vencer as eleições sem concorrer diretamente com o Roriz. Foi o caso das eleições de 1998, quando Cristovam Buarque ¿ na época do PT e atualmente do PDT ¿ venceu Valmir Campelo (PTB).
¿ Sem Roriz como candidato, pelo carisma que ele tem inegavelmente, é mais fácil concorrer porque nem todo mundo é capaz de transferir voto imediatamente como se pensa que é ¿ analisa Arlete Sampaio, pré-candidata ao GDF pelo PT.